Curitiba - O presidente do Conselho de Administração da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Ary Veloso Queiroz, pediu afastamento do cargo esta semana, após sete meses de permanência no cargo. No comunicado ao mercado, através de fato relevante, Queiroz alegou motivos de saúde. Mas em entrevista à Folha, não negou que ficou desgastado com a atitude da diretoria da Copel em anunciar o reajuste de 15,27% nas tarifas de energia elétrica, sem o assunto ter sido examinado pelo Conselho de Administração.
Queiroz disse que o reajuste iria ser analisado na reunião do Conselho marcada para o último dia 26.''Mas a diretoria se antecipou até mesmo à revelia do governador Roberto Requião, que não estava no País'', disse. Diante disso, o presidente do Conselho disse que não queria ser um ''figura de enfeite'' e por isso pediu afastamento.
De acordo com Queiroz, o Conselho de Administração representa o órgão máximo dentro de uma grande empresa e por isso tem muita responsabilidade. Inclusive pela lei das Sociedades Anônimas, os conselheiros devem responder juridicamente por iniciativas que prejudiquem a empresa. Segundo ele, a antecipação do reajuste, seguida de cancelamento provocou a queda das ações da Copel em Bolsa, o que mostra que o assunto exige muita responsabilidade, destacou.
Como Queiroz já vem com problema de saúde, sofreu um infarto há questão de um ano, não quis comprometer sua estabilidade física e emocional com ''situações desgastantes como essa'', justificou.
Ary Queiroz foi presidente da Copel durante o governo de José Richa (1983) e foi responsável pelo programa ''clic rural'', que levou energia elétrica para 120 mil propriedades rurais. Foi o maior programa de eletrificação rural do País, lembrou. Naquela época, o Paraná mandava a maior parte da geração de energia elétrica para outros Estados, enquanto que apenas 19% da população rural era atendida por energia elétrica, justamente a parcela da população que mais perdia com a inundação de reservatórios sobre áreas férteis.
A Folha procurou o presidente da Copel, Paulo Pimentel, para falar sobre o assunto, mas, segundo a assessoria da estatal, ele está viajando.