O vereador Osvaldo Alves dos Santos (PSC), presidente da Câmara de Vereadores de Arapongas, na Região Metropolitana de Londrina, foi preso nesta sexta-feira (18) por suspeita de lavagem de dinheiro de origem ilegal. Santos é investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por envolvimento em esquema de jogos de azar na cidade. Um contador, suspeito de participação no crime, também foi detido.

Imagem ilustrativa da imagem Presidente da Câmara de Arapongas é preso por suspeita de lavagem de dinheiro
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Os fatos começaram a ser apurados em março de 2019. A Polícia Civil identificou a existência de 257 pontos de ‘jogo do bicho’ na cidade em bares, mercados e lojas. As investigações apontaram que cerca de 80% dos valores arrecadados eram repassados ao presidente da Câmara.

Segundo o delegado do Gaeco em Londrina, Ricardo Jorge Pereira Filho, durante as investigações, o vereador negou envolvimento com os fatos e afirmou que todos os bens haviam sido declarados no Imposto de Renda.

"Após a quebra do sigilo fiscal, nós fomos analisar o Imposto de Renda dele e descobrimos que ele declarava faturamento de atividade rural desempenhada em razão de um contrato de arrendamento rural numa área de 56 hectares na cidade de Santo Antônio do Caiuá (Noroeste do Paraná). Mas, na fazenda, os funcionários não conheciam o presidente da Câmara. A equipe também esteve na prefeitura para ver se havia notas fiscais emitidas. Lá havia 50 notas como produtor rural de vendas de sementes de capim emitidas no período de 4 anos. Somando o valor das notas dava pouco mais de R$ 3 milhões de reais”, detalhou o delegado.

Duas operações para o cumprimento de mandados de busca e apreensão foram deflagradas neste ano nos meses de setembro e novembro. Foram apreendidos R$ 500 mil em espécie na casa do vereador e R$ 14 mil em um escritório utilizado no esquema. Máquinas de ‘jogo do bicho’, bobinas de cartões e planilhas também foram encontradas. Três carros de luxo, dois imóveis no Balneário Camboriú (SC) e quase R$ 1 milhão estão entre os bens bloqueados.

O contador, conforme o delegado do Gaeco, era quem viabilizava o esquema de lavagem de dinheiro. "Essas notas fiscais das sementes eram feitas para empresas de fachada. Fomos em cada uma delas e, na verdade, elas não existiam. As pessoas que constam em contrato social são ‘laranjas’. Nunca exerceram atividade comercial de fato”, afirmou. O contador não possui ligação com a Câmara de Vereadores. O profissional não teve o nome revelado.

Ao todo, sete pessoas foram denunciadas neste mês à Justiça por suspeita de envolvimento no esquema. As prisões, segundo o delegado do Gaeco, foram decretadas porque “verificou-se que os investigados continuavam a praticar as condutas criminosas no curso das apurações”.

O advogado Marcos Prochet Filho, que defende Santos, argumentou que a prisão é “ilegal e arbitrária”. “Ele foi alvo de arbitrariedade midiática, infelizmente, amplamente utilizada para angariar a opinião pública em favor de um discurso punitivista”, afirmou o advogado. Segundo Prochet Filho, o vereador colaborou amplamente com as investigações e prestou todos os esclarecimentos necessários sendo desnecessária a prisão. O presidente da Câmara e o contador foram trazidos para Londrina.