O relato do prefeito de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), Ailton Maistro (PSL), ao iniciar sua administração, é no mínimo preocupante. Após um período conturbado do mandato do ex-prefeito Luiz Francisconi (PSDB) – que chegou a ficar cinco meses afastado, depois de investigações da Operação Patrocínio, que apura suposto recebimento de propina em contratos da administração municipal –, o momento é de organizar a casa. “Recebi a cidade arrebentada. Há um abandono total dos recursos humanos, da administração e serviços públicos. O trabalho era todo feito por cargos de confiança. Havia secretárias sem nenhum funcionário. Os veículos e máquinas estão 85% parados esperando manutenção”, afirmou Maistro, em entrevista à FOLHA.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeito de Rolândia prevê primeiro semestre 'difícil'
| Foto: Jean Basaglia/Ascom PMR

Em relação ao caixa municipal, o novo mandatário não vê perspectivas graves. Ele afirma que, da gestão anterior, ficaram poucas contas pendentes e que aguarda a entrada de receitas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e do Fundo de Participação dos Municípios. “Acredito que não teremos problemas, mas estamos economizando. Procuro nomear cargo de diretor quando surge demanda. Quando podemos, fazemos umas alterações, em especial em setores com maior número de pessoas. Depois do meio do ano, pretendo fazer um concurso para suprir necessidade de pessoas no administrativo. Precisamos também de engenheiros e pessoal para o jurídico. A ideia é fazer um concurso que valha pelo maior prazo de tempo para chamarmos aos poucos”, adiantou.

A escolha para começar a reverter a situação foi nomear a maior parte do secretariado de forma técnica para que cada responsável possa tomar pé das necessidades das áreas. Uma das principais dificuldades é no departamento jurídico. Há pilhas de processos para serem encaminhados. “Apesar de o trabalho estar só no início, vejo as coisas fluindo bem. No entanto, teremos muita dificuldade até o meio do ano. Tenho visitado as salas para conversar com os funcionários e entender as necessidades”, explica. Apesar dos problemas, o balanço na área da Saúde não é dos piores, mas precisa de reforço. “Quero que o trabalho seja ágil, em especial durante a pandemia. Os exames não podem demorar a sair porque a população está relaxada quanto às medidas para evitar o coronavírus”, disse.

EXPERIÊNCIA

Em se tratando da Covid-19, Ailton Maistro conhece de forma íntima a gravidade da doença. Logo depois de ser eleito, em 15 de novembro, o prefeito foi contaminado e precisou de internação na UTI para tratamento. “Estou vivo por um milagre de Deus. Outros prefeitos já morreram desta doença terrível. Perdi massa muscular, preciso me recuperar com fisioterapia. Faço meu pedido para que a comunidade se resguarde, é difícil demais”, avisou. Alerta com o impacto da pandemia e do fim do auxílio emergencial, o prefeito decidiu instituir a Bolsa Rolândia para 1.636 famílias que já recebem o Bolsa Família. “Durante a campanha, vi a demanda da população. Há dificuldades fortes e não há como não assistir essas pessoas de imediato. Por isso, quero dar um auxílio de R$ 300 por três meses”. O projeto foi protocolado na Câmara no dia 7 de janeiro.

A volta às aulas em Rolândia ainda está sob análise. A avaliação de Maistro é que o setor está razoavelmente organizado, apesar de precisar de planejamento, infraestrutura e pessoal. “Ainda não chegamos a uma conclusão sobre o tema, mas estamos nos inteirando da situação. Esperamos ainda ver quais serão as diretrizes adotadas pelo governo do Estado, para aí então decidir. A secretária está montando sua equipe, levantando todas as necessidades para ver como vai ser o adequado retorno da educação”, concluiu.