Câmara de Rolândia abre CP contra prefeito
Doutor Francisconi acusa vereador de coagi-lo em troca de frear processo de cassação na Casa
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 02 de setembro de 2019
Doutor Francisconi acusa vereador de coagi-lo em troca de frear processo de cassação na Casa
Guilherme Marconi - Grupo Folha
Por sete votos favoráveis e três contrários, a Câmara Municipal de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) decidiu abrir nova CP (Comissão Processante) contra o prefeito, Luiz Francisconi Neto, o doutor Francisconi (PSDB), em votação nessa segunda à noite (2). A segunda investigação contra ele na Casa surgiu da representação feita pelo vereador Rodrigo da Costa Teodoro (SDD). O parlamentar baseia a denúncia em fatos revelados pelo Ministério Público, que acusa o prefeito tucano de ilegalidades na contratação de empresas terceirizadas prestadoras de serviços médicos e pagamentos indevidos por trabalhos não realizados pela esposa do prefeito, que é médica concursada do município.
"Não estamos condenando nem absolvendo nem dando juízo de valor neste momento. Será instalada a Comissão Processante para dar a garantia da ampla defesa e ao contraditório", disse o presidente da Câmara, Alex Santana (PSD), ao conduzir a votação. Apenas o vereador João Gaúcho (PSC) saiu em defesa do atual prefeito. Além dele, votaram contrários à abertura da CP, os vereadores Eugênio Serpeloni (PSD) e Mario do Carmo Campiolo (PSDB).
Antes da votação, o prefeito havia acusado o vereador Reginaldo Silva (SDD) de tentar coagi-lo. Francisconi disse que o parlamentar entregou um papel com uma lista com cinco nomes para primeiro escalão. As indicações políticas supostamente seriam uma exigência do vereador para barrar a investigação contra Francisconi na Câmara Municipal.
"Eu perguntei se o vereador tinha projetos de lei e ele tirou do bolso indicações."
Doutor Francisconi (PSDB) -
Réu em ação penal no âmbito da Operação Patrocínio, Doutor Francisconi disse que foram três encontros com membros do Solidariedade.
Na reunião no seu gabinete no dia 5 de julho, o grupo teria entregue a lista em papel com os nomes relacionados para as secretarias de Infraestrutura e Serviços Públicos e cargos comissionados. "Eu perguntei se o vereador tinha projetos de lei e ele tirou do bolso indicações. Eles disseram que a CP não seguiria na Câmara. Estou fazendo isso para alertar a população. Cansei de ser chamado de bandido. Vou mostrar como as coisas funcionam." Nessa segunda tarde, Francisconi registrou em cartório uma ata notarial com a suposta "lista."
OUTRO LADO
"Como assim estávamos negociando voto se no dia 5 de julho não havia nem indício do assunto de comissão processante na Câmara?"
Reginaldo Silva, vereador (Solidariedade) -
Após a coletiva do prefeito, o vereador citado registrou um boletim de ocorrência contra Doutor Francisconi por calúnia e difamação. "Quero que ele prove que foi coagido. Ele não apresentou prova e ainda se contradisse. Como assim estávamos negociando voto se no dia 5 de julho não havia nem indício do assunto de comissão processante na Câmara?", rebateu Reginaldo Silva. Entretanto, ele admitiu que membros do partido entregaram a lista, mas sem estar atrelada à votação.
Na primeira CP concluída em fevereiro deste ano, Doutor Francisconi foi absolvido pela Câmara após processo que investigou que ele supostamente teria direcionado uma licitação para favorecer a empresa Somopar. Naquela ocasião, foram seis votos favoráveis e três contrários à cassação. Entretanto, eram necessários sete votos para a perda do mandato e dos direitos políticos. Silva foi o relator do processo que indicou a cassação.