Dar à administração municipal a sua marca. Este é o primeiro desafio do novo prefeito de Cambé (Região Metropolitana de Londrina), Conrado Scheller (DEM). Alçado pelas eleições ao posto máximo do Executivo da cidade, ele já conhecia bem a máquina púbica: exercia o cargo de vice-prefeito ao lado do ex-prefeito José do Carmo Garcia (PTB). “Estou passando por um momento híbrido. Não venho num discurso de oposição, por isso a administração não muda 100% imediatamente. Percebi que era importante manter algum corpo técnico, como o da Saúde, neste momento. Fiz trocas na Educação e na Assistência Social. Vejo que não adianta meter o pé na porta porque a engrenagem é gigantesca e precisa funcionar”, avaliou, em entrevista para a FOLHA. Ele manteve quatro secretários da gestão de José do Carmo.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeito de Cambé vê crescimento econômico como desafio de governo
| Foto: Gustavo Carneiro

A principal preocupação de Scheller é manter Cambé no caminho da recuperação econômica, um trajeto que o município já vinha perseguindo mesmo antes da crise provocada pela pandemia da Covid-19. Com Plano Diretor aprovado, a meta é crescer. O prefeito considera que a gestão anterior não fez marcos que chamassem a atenção da população, como a construção de hospitais, mas garantiu uma boa gestão administrativa. “Preparamos Cambé para o crescimento, com segurança jurídica, e hoje não devemos nada a ninguém. Pagamos em dia todos os nossos fornecedores e servidores – inclusive, demos atualização nos salários -, continuamos com os serviços prestados. Mesmo assim, não podemos fazer concurso público e nossos equipamentos estão trabalhando a partir dos recursos do Fundo dos municípios. Não tem sobra”, alertou.

AUXÍLIO

O atual momento socioeconômico vivido pelo País impacta definitivamente a administração das cidades. O novo mandatário de Cambé segue com essa preocupação, independentemente das questões que precisará enfrentar localmente, como a licitação das linhas de ônibus e do serviço de saneamento básico. “O momento é de adversidade, não estamos num estado normal. A prefeitura precisa tomar medidas de retomada do crescimento para mantermos os serviços básicos. Já tive conversa com presidente da Acic (Associação Comercial e Empresarial de Cambé) para buscar ferramentas de trabalho. Com o fim do auxílio emergencial, precisamos estar prontos para atender necessidades primárias, como suprir a alimentação”, disse.

Para que decisões tomar diante das necessidades provocadas pela pandemia, Scheller prefere defender a prudência, assim como se apoia em medidas do governo estadual para agir. Este é o caso da definição da volta às aulas. “Tenho que ter um posicionamento muito responsável, ouvir os especialistas. Como gestor, preciso ter a segurança de que não posso tomar uma decisão que possa provocar uma explosão de pessoas internadas”, explicou, ao detalhar a necessidade de apoio técnico de outros entes. “As cidades precisam ter um parâmetro nacional, dos órgãos que têm um corpo técnico robusto e autonomia para decidir. Não pode o primo pobre, nós, o município, sair para comprar vacina. Nossa secretaria de educação está ouvindo todo mundo para, aí sim, tomar uma decisão”, afirmou.

ENGRENAGEM

Em meio ao período tão conturbado, o prefeito de Cambé adiantou que não tem trabalhado com metas temporais e sua principal preocupação não é com o que será entregue nos 100 primeiros dias de governo. “Trabalho com conceitos. A meta que estabeleci é que todas as áreas tenham capacidade de integração com as demais. Não quero que nenhuma pasta seja uma ilha porque este governo é único. Por exemplo, a Educação pode desenvolver um processo e não precisar terceirizar, a partir de conversa com a Cultura. Quero buscar uma engrenagem que funcione perfeitamente”, garantiu.