Pré-candidaturas ao governo do Paraná lançadas nesta segunda metade do mês de janeiro ainda são "balão de ensaio", segundo jargão utilizado no meio político. Entretanto, mesmo ainda prematuras começam a mexer no desenho de partidos políticos que fazem parte da base de sustentação do governo Ratinho Junior (PSD) na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná.

Na corrida oa Plácio Iguaçu, pré-candidaturas lançadas na segunda metade de janeiro ainda são "balões de ensaio"
Na corrida oa Plácio Iguaçu, pré-candidaturas lançadas na segunda metade de janeiro ainda são "balões de ensaio" | Foto: iStock

Na última semana dois caciques tucanos no Estado deixaram o PSDB após o ex-governador Beto Richa (PSDB) anunciar a pré-candidatura do ex-prefeito de Guarapuava César Silvestri Filho ao Palácio Iguaçu, que servirá também como palanque para o presidenciável João Doria (PSDB). O presidente da AL, o deputado Ademar Traiano, e o ex-presidente da legenda, o deputado Paulo Litro, já estão de malas prontas para o PSD, partido do governador.

VIABILIDADE ELEITORAL

Outro anúncio feito pelo deputado federal Filipe Barros (PSL) de uma pré-candidatura dele ao governo do Paraná com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) também pressiona o governador a tomar uma decisão sobre qual palanque deverá dividir na corrida à presidência dentro do seu próprio estado e força Ratinho Junior a sair “de cima do muro". A análise é do professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Elve Cenci.

"Filipe Barros não tem uma atuação clássica da política tradicional de mediação de Londrina com Brasília. Ele atua de forma mais direta no núcleo ideológico de defesa do presidente Bolsonaro e de articulação das políticas dele. A candidatura precisa ser compreendida de outra forma, sob o ponto de vista do governador. Ratinho tem dado apoio comedido ao presidente, mas ao mesmo tempo é um dos governadores mais bolsonaristas que temos no Brasil, certamente pela estratégia do eleitorado do Estado, que votou expressivamente no atual presidente. Bolsonaro precisa de palanques consistentes nos estados, e no Paraná ele precisa repetir esse apoio dos eleitores."

Segundo o analista político, Ratinho Junior poderá ter problema com essa indefinição durante a campanha. "A mesma ambiguidade que o governador manteve ao longo dos três anos, está mantendo agora nas suas articulações políticas para sua reeleição e está flertando com outros candidatos. Ele pode abrir palanque para Bolsonaro, mas ao mesmo tempo está dialogando com Podemos de Alvaro Dias, que terá Sergio Moro como candidato, e ao mesmo tempo seu partido dialoga nacionalmente com Lula (PT)".

Sobre o lançamento de Filipe Barros, Cenci avalia que é mais estratégia de negociação do que viabilidade eleitoral. "Faz parte de uma negociação política com o governador Ratinho Jr., caso retire sua candidatura eventualmente, Filipe ganha uma visibilidade, o que fortaleceria sua candidatura a deputado federal e caso ele confirme e isso pode causar dividendos para uma eventual campanha a prefeito de Londrina daqui a dois anos. Temos que enxergar a política como um jogo de xadrez, como negociação, pressão e estratégia."

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QUADRO INDEFINIDO

Já o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Ademar Traiano (PSDB), afirma à FOLHA que "não vê problema" com a indefinição do governador sobre o palanque político no Paraná para a campanha. "É normal isso, pois o quadro político está indefinido sobre candidaturas à presidência. Não vejo nenhuma razão para definição do governador agora. Nacionalmente, teremos uma eleição de dois turnos e o governador entende que o governo Bolsonaro foi muito generoso com o Paraná".

Traiano, que deixará o PSDB para migrar para o PSD de Ratinho Jr. em março, repetiu o discurso do governador. "Na verdade, nós temos que pensar neste momento no Estado. O PSD pretende eleger 15 deputados estaduais, já na questão nacional nada está definido, não tem nada consolidado. O partido tem expressão nacional e no momento oportuno irá se posicionar."

Segundo Traiano, os grandes debates do Estado já foram travados pela Assembleia Legislativa no ano passado, como a nova concessão do pedágio, e neste ano o debate deverá ficar por conta das articulações. "O ano eleitoral historicamente em todos os governos onde passei foi assim. Os debates que eram para acontecer, todos os temas foram esgotados. A partir de agora irão se desenhar e definir candidaturas. Nem sempre a base do governo termina a legislatura com o número que temos, 40 deputados. Esse número, o jogo político é dinâmico, eu não vejo temas palpitantes neste ano".

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