O PT deve manter a tradição em Londrina e lançar uma candidatura própria no pleito deste ano. A educadora Isabel Diniz, que concorreu a vice na chapa com Carlos Scalassara em 2020 e encabeçou uma candidatura coletiva à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) em 2022, é a pré-candidata escolhida pela sigla.

Em entrevista à FOLHA, Diniz afirma querer colocar as pessoas no centro da administração, observando as necessidades e fazendo com que os londrinenses “se sintam participantes, incluídos no processo”.

Ela lembra que o partido já governou a cidade em três oportunidades, com Luiz Eduardo Cheida (1993-1996) e Nedson Micheletti (2001-2008), e que há “diferentes realizações do ponto de vista das políticas públicas” desses períodos, caso das áreas da habitação e da assistência social.

“O povo de Londrina é um povo de fé, é um povo que acredita. Essa experiência de três gestões, de estarmos à frente da Prefeitura por três vezes, me motiva, me encoraja, me dá muita fé, esperança e um acreditar que nós podemos fazer e apresentar boas propostas, fazer um bom debate e qualificar as eleições em Londrina em 2024”, pontua.

Além de ter participado das últimas eleições, Diniz trabalha desde 1993 na Comissão Pastoral da Terra e atuou, na administração de Micheletti, no programa de coleta seletiva.

Questionada sobre as demandas de Londrina, a pré-candidata cita quatro desafios: a melhoria da saúde, que ela diz estar sucateada; as moradias populares, pontuando que há mais de uma década a Prefeitura não constrói unidades habitacionais; a assistência social e a educação, cultura e lazer.

“Nossa prioridade em educação foi cultura e lazer agregados ao conteúdo, às áreas de conhecimento, darmos qualidade às nossas unidades escolares. Foi no governo do PT que todas as escolas municipais receberam cobertura da quadra”, citando ainda a importância de pensar na alimentação dos estudantes.

‘CIDADE MAQUIADA’

A pré-candidata avalia que Londrina tem sido “administrações apenas focadas para algumas regiões da cidade, para alguns espaços nobres”. “Se investe nas avenidas do centro, se investe em algumas áreas nobres em detrimento de não responder às demandas urgentes e necessárias das famílias, das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade”, acrescenta.

Ela, no entanto, diz que sua pré-candidatura “não é simplesmente oposição” ao prefeito Marcelo Belinati (PP). “O que nós queremos debater e discutir são as opções que a Prefeitura fez em detrimento a certas regiões da cidade, a certos núcleos sociais e populacionais da cidade, apenas para uma cidade maquiada, dividida. Londrina, hoje, é uma cidade dividida na população entre aqueles que veem a ação da Prefeitura, das secretarias, longe da sua necessidade”, ressalta.

O entendimento de Diniz é que a cidade precisa ser governada para atender às necessidades “em todas as situações, mas principalmente o povo que precisa”, lembrando que muitos perderam a fonte de renda após a pandemia da Covid-19.

GOVERNO FEDERAL

Sobre a relação com o governo Lula, a pré-candidata diz que é possível buscar investimentos para a cidade e que, apesar de Londrina já ter recebido recursos para habitações populares, por exemplo, ainda não está “na medida em que se faz diferença”.

“Já fizemos em outro momento, no governo do presidente Lula, nos próprios governos da presidenta Dilma, vieram recursos expressivos para Londrina. E, também, quando parlamentares, principalmente os deputados de Londrina, buscaram esse recurso para que a gente pudesse atender e responder”, dizendo que uma administração petista teria condições de buscar recursos do governo federal e ampliar a formulação de “projetos de envergadura e robustez”.

Diniz espera que Lula participe da campanha em Londrina, assim como outras lideranças do PT e do governo federal, como a presidente nacional da sigla, deputada federal Gleisi Hoffmann.

PRINCÍPIOS E VALORES

A pré-candidata afirma “acreditar no povo de Londrina”, rejeita polarização entre esquerda e direita e reforça a necessidade de sair das “pechas ou dessas rotulações” que instrumentalizam “princípios e valores culturais, princípios e valores das famílias de Londrina” para serem utilizados para propagar ódio, violência e negar direitos.

“Mas eu acredito, como uma boa londrinense, pé vermelho, que o povo de Londrina é um povo trabalhador, batalhador, um povo que tem fé, um povo que participa e acredita nas coisas. Um povo que, quando convocado a debater e sendo respeitado, na sua essência, é possível. E eu estou disposta a fazer isso, a conversar com as pessoas, a ouvir, a dialogar. E, principalmente, cuidar”, completa.