Poucos prefeitos conseguiram emplacar sucessores em Londrina
Fontes ouvidas pela FOLHA indicam apenas dois casos na história de (quase) 90 anos da cidade; o último, há mais de 60 anos
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terça-feira, 22 de outubro de 2024
Fontes ouvidas pela FOLHA indicam apenas dois casos na história de (quase) 90 anos da cidade; o último, há mais de 60 anos
Douglas Kuspiosz - Reportagem Local
A história política mostra que eleger sucessores para a Prefeitura de Londrina nunca foi tarefa fácil. Atualmente, esse é o desafio do prefeito Marcelo Belinati (PP), que apostou suas fichas na ex-secretária de Educação Maria Tereza Paschoal de Moraes, a Professora Maria Tereza (PP), que segue no páreo contra o deputado estadual Tiago Amaral (PSD) no segundo turno. A definição do futuro prefeito ou prefeita ocorre no próximo domingo (27).
Fontes ouvidas pela FOLHA indicam que apenas dois chefes do Executivo tiveram sucesso em eleger quem recebeu seus apoios ao longo dos (quase) 90 anos de Londrina: Hugo Cabral, que governou a cidade de 1947 a 1951; e Milton Ribeiro de Menezes, prefeito em duas oportunidades: de 1951 a 1955 e de 1959 a 1963.
São movimentos políticos que ocorreram ainda no início da história londrinense. Hugo Cabral foi o segundo prefeito eleito da cidade, logo após a ditadura do Estado Novo (1937-1945), e Menezes, o terceiro. Eles eram da UDN (União Democrática Nacional).
O jornalista Widson Schwartz afirma que, no final do mandato de Cabral, Menezes foi escolhido como sucessor e venceu o pleito em 1951. “O Milton dizia: ‘Não fosse eu, quem fosse indicado pelo Hugo Cabral seria eleito”, relembra. “Consta, a gente escreveu isso, que Menezes foi o sucessor por influência dele.”
O segundo caso ocorreu justamente com Menezes, que conseguiu eleger outro udenista. “No segundo mandato do Milton, ele influiu para eleger o José Hosken de Novaes”, conta Schwartz, que afirma não haver registro de outro candidato à sucessão bem-sucedido.
“Foram prefeitos de grande prestígio, profundamente honestos, corretos e eficientes. Eram prefeitos com uma visão de futuro, são esses caras que bolaram a cidade", acrescenta.
O jornalista Oswaldo Militão, colunista da FOLHA, concorda que, após Menezes ajudar a eleger Novaes, não há outro caso.
Novaes, que se filiou à Arena durante a ditadura militar, chegou a lançar Paulo Carneiro (Arena), em 1968, mas quem venceu foi Dalton Fonseca Paranaguá, do MDB. O jornalista José Pedriali, autor da biografia "José Hosken de Novaes – o homem que não se corrompeu", aponta que o prefeito chegou a se manifestar sobre o desempenho ruim de Carneiro nas urnas, que ficou atrás de Mário Cesar Stamm, outro arenista.
Já na eleição seguinte, em 1972, Militão diz que Dalton Paranaguá fez apenas um “apoio leve” à candidatura do também emebedista José Richa, que foi eleito.
TENTATIVA FRUSTRADA
Um exemplo marcante é o ex-prefeito Wilson Moreira (PMDB), que apoiou o deputado federal José Tavares (PMDB), derrotado por Antônio Belinati (PDT), em 1988, por uma diferença de 788 votos. Belinati já havia sido prefeito de 1977 a 1982.
O jornalista e professor Fábio Silveira lembra que a disputa de 1988 foi decidida pelos votos dos Cinco Conjuntos, na zona norte.
“Depois, em 1992, o Belinati não tinha sucessor e, no segundo turno, apoiou o [Luiz Eduardo] Cheida [do PT], mas não era o candidato dele”, explica Silveira, que destaca que o petista não apoiou ninguém em 1996, quando Belinati conquistou seu terceiro mandato, até ser cassado em 2000. “Ninguém queria o apoio dele e ganhou o Nedson [Micheletti, do PT], duas vezes.”
Schwartz pontua que, apesar de não ter elegido um sucessor na década de 1980, Wilson Moreira foi importante para a reeleição de Micheletti, em 2004. “Quando o Nedson foi para a reeleição, o Belinati ia ganhar. Então, o Wilson interveio, atendeu a um pedido do Nedson e manifestou apoio ao petista, que era uma coisa impossível”, finaliza.