A compra direta da vacina russa Sputnik V por parte do estado do Paraná foi debatida entre deputados estaduais, deputados federais e prefeitos com o secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, na manhã desta segunda-feira (22). Foi apresentada a possibilidade de o Fundo de Investimento Direto da Rússia fornecer 13 milhões de doses do imunizante, além dos 37 milhões de doses já comprados pelo grupo formado pelos governadores do Nordeste. O processo seria feito por meio do Consórcio Paraná Saúde. A reunião foi articulada pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PT). “Temos uma grande oportunidade em mãos, e as informações trazidas pelo Consórcio Nordeste foram de grande valia para que possamos garantir a imunização em massa da população paranaense. Nosso principal objetivo aqui é salvar vidas”, disse.

O coordenador da Frente Parlamentar do Coronavírus da AL (Assembleia Legislativa do Paraná), deputado Michele Caputo (PSDB), lembrou que a possibilidade da compra direta de vacinas já foi levantada desde o ano passado e que uma nova reunião de parlamentares será feita com o Consórcio Paraná Saúde, nesta terça-feira (23). “Em nosso relatório, aprovado em dezembro, inclusive recomendamos a compra de vacinas pelo governo do Paraná. Por isso, já na reunião desta terça teremos a presença do Consórcio Paraná Saúde, que está em tratativas com laboratórios e, na semana que vem, chamaremos o governo do Estado para unirmos esforços neste processo de aquisição de imunizantes”.

QUESTIONAMENTO

Outros parlamentares, no entanto, adotaram uma postura mais crítica em relação à negociação. No caso de Luiz Claudio Romanelli (PSB), a preocupação é quanto aos cuidados necessários na transação para que não haja problemas nas negociações e entregas de doses. “Há um desespero geral para o acesso à vacina e isso é natural, mas tem que ter muito cuidado”, alertou o deputado, que ainda ressaltou que há empresas se apresentando como vendedoras de imunizantes. Por isso, o Consórcio Paraná Saúde deve ter protagonismo nas negociações.

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB)
O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) | Foto: Dálie Felberg/Alep

O anúncio de que haveria uma parceria entre os russos e o Paraná por meio da Tecpar, em agosto do ano passado, também foi alvo de questionamentos. Posteriormente, as negociações não avançaram e a empresa União Química assumiu publicamente que seria a futura fabricante da vacina no País, apesar de não ter direito de vender. “Me questiono por que estamos discutindo a entrada ou não do Paraná em um consórcio para comprar a vacina diretamente na Rússia, enquanto deveríamos estar discutindo por que a Tecpar abandonou o negócio. O que deu de errado? Será que a Tecpar não tinha capacidade técnica? Ou será que não passou de uma mera e simples politicagem?”, questionou Soldado Fruet (PROS).

Vale ressaltar que a vacina Sputnik V ainda não foi avaliada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que cobra documentos para que o imunizante seja aprovado para o uso no País. Também participaram da reunião os deputados estaduais Anibelli Neto (MDB), Boca Aberta Jr. (PROS), Goura (PDT), Mabel Canto (PSC), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Arilson Chiorato (PT) e o deputado federal Enio Verri (PT).

CALAMIDADE

Na sessão ordinária desta segunda-feira (22), foi votada a constitucionalidade dos projetos de lei que autorizam o decreto de estado de calamidade em 66 cidades do Estado, incluindo Londrina. O resultado foi de 46 votos favoráveis a três contrários e o mérito dos pedidos deverá ser analisado nesta terça-feira (23). O deputado Homero Marchese (PROS) questionou que as cidades deveriam ser chamadas a comprovar a real necessidade, já que algumas apresentaram superavit ao fim do exercício de 2020, contando com as remessas do governo federal. Romanelli defendeu a constitucionalidade encerrando o debate.