Rubens Burigo Neto
De Curitiba
Uma confusa ação policial coordenada pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC), policiais civis, P2 e Receita Estadual durante todo o dia de ontem, em Curitiba, interditou cinco lojas de peças de automóveis e caminhões e acabou resultando na prisão de três pessoas. O empresário Juarez França Costa, o ‘‘Caboclinho’’, acusado durante a CPI do Narcotráfico como um dos principais envolvidos com roubo e desmanche de carros no Paraná, foi preso por volta das 7 horas da manhã de ontem, na casa dele, no bairro Jardim Social. Outro mandado de prisão foi expedido contra o empresário Paulo Gilberto Pacheco Mandelli, também acusado na CPI de fazer parte do crime organizado. Mandelli sumiu da cidade com a família.
Até o início da noite de ontem, a polícia não sabia informar o motivo oficial para as prisões temporárias. O secretário da Segurança, José Tavares, adiantou apenas que a ação foi realizada para que o Ministério Público e a Polícia pudessem embasar as denúncias de ligações entre ‘‘Caboclinho’’, Mandelli e policiais civis acusados de conivência com o roubo e desmanche de carros roubados. ‘‘Os documentos que encontramos nas lojas nos dão a certeza que houve conivência de investigadores e delegados com esses criminosos’’, afirmou.
Na mesma operação que
prendeu ‘‘Caboclinho’’ foram detidos os funcionários de sua empresa Antônio Luís da Silva, o ‘‘Zóinho’’, e João Ribeiro de Lara, o ‘‘João Polícia’’. Os policiais militares teriam prendido os três obedecendo a um mandado de prisão expedido pela Central de Inquéritos.
Paulo Mandelli fugiu da cidade na quarta-feira. O porteiro do edifício onde ele mora (na Avenida Visconde de Guarapuava, 5.087, apartamento 1601) disse que o empresário foi visto saindo com a mulher e os dois filhos, e não voltou mais. ‘‘Parecia que eles estavam indo viajar’’, relatou. O porteiro também disse não saber com que carro Mandelli saiu. ‘‘Cada dia ele sai com um carro diferente’’, justificou.
À tarde, policiais da P2 interditaram as lojas ‘‘Motoralba’’ – motores e câmbios, ‘‘Mandelli’’ – veículos e peças, de Paulo Mandelli, e ‘‘Kadu Peças’’ e ‘‘JF’’– Mecânica e Motores, de propriedade de Juarez França, uma quinta loja de peças de caminhões, que a polícia não soube informar a propriedade. Em todas a polícia encontrou milhares de peças desmontadas de carros, cuja origem é suspeita. Numa garagem em frente à ‘‘Motoralba’’ estavam guardados seis carros importados que pertenceriam a Paulo Mandelli.
O advogado de ‘‘Caboclinho’’, Antônio Figueiredo Basto, passou o dia tentando descobrir por que ele havia sido preso e para onde seria levado. ‘‘Está parecendo um sequestro não apresentar o meu cliente, pelo menos para mim que tenho todos os direitos legais’’, protestava, em frente à sede do Grupo Fera. Basto também esteve na PIC para tentar falar com o cliente dele, mas não conseguiu. O advogado e a mulher de ‘‘Caboclinho’’, Fabiana Siqueira Welter, acusaram os policiais da P2 de terem agredido o empresário no momento da prisão (leia mais ao lado). Uma nota expedida pelo governo dá conta que ‘‘Caboclinho’’ já tinha outro mandado de prisão decretado anteriormente.Cinco lojas de peças foram interditadas em Curitiba e três estão presas. Dois dos envolvidos foram citados à CPI
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