Polícia acredita que veículos pertencem a Paulo Mandelli, acusado de envolvimento com roubo e desmonte




Albari Rosa

Policial vigia galpão onde foram encontrados os caminhões. Polícia acha que veículos são de Paulo Mandelli (no detalhe)


Julio Cesar Lima
De Curitiba

A Polícia Militar, em conjunto com a Promotoria de Investigações Criminais (PIC), interditou ontem, no bairro do Guatupê, em São José dos Pinhais, uma área de 2 mil metros quadrados, onde foram encontrados 63 caminhões e 2 ônibus. A maioria é procedente dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia. De acordo com os policiais, o suposto desmanche pertence ao empresário Paulo Gilberto Pacheco Mandelli, acusado durante a CPI do Narcotráfico de envolvimento com roubo e desmonte de carros no Paraná.
Amanhã, os peritos começam a vistoriar o local e identificar a origem e situação dos veículos. Caso seja confirmada a existência de um desmanche, será o sétimo ponto encontrado pela polícia, desde a última quarta-feira, quando a Secretaria de Segurança iniciou uma ação de combate ao crime organizado.
Os policiais estavam na área do galpão desde a noite de sexta-feira, depois de interditarem uma das lojas de Paulo Mandelli, em Curitiba ‘‘Em um dos barracões interditados pela polícia, foi encontrada uma lista que indicava esse endereço. Além desse, temos a indicação de outros nomes e locais que podem estar sendo utilizados para algumas atividades irregulares ’’, afirmou o coronel David Pancotti, comandante da operação e do 17º Batalhão da Polícia Militar, em São José dos Pinhais. Somente às 6h30, foi expedido o mandado de busca e apreensão, com isso policiais puderam entrar.
O galpão, onde estava os veículos, foi cedido pela empresa de pré-moldados Junção. O coronel Pancotti, no entanto, acredita que ainda é cedo para se estabelecer algum vínculo entre a locação do imóvel e Paulo Mandelli. ‘‘Com certeza ouviremos o proprietário do imóvel para sabermos se há algum vínculo ou não, dele, com as atividades do Mandelli’’. Ele disse que a empresa havia emprestado o galpão por um tempo e construiria outro especificamente para o empresário.
Em uma investigação preliminar, os policiais descobriram que trabalhavam no local, oito ou nove pessoas. A maioria do serviço era feito à noite, quando havia grande movimentação de veículos. Um dos indícios de que os veículos podem ter sido roubados é que alguns dos 63 caminhões tinham os fios do painel cortados, da mesma maneira quando os ladrões fazem ligações diretas.
Um número grande de motoristas visitou ontem, o barracão onde estavam guardados os caminhões. Eram caminhoneiros que tiveram seus veículos furtados e foram ao local com a esperança de achá-los. José Teodoro Padilha, 50, levava sardinhas de Volta Redonda (RJ) para Itajaí (SC), quando após uma parada em Balneário Camboriú (SC), não encontrou mais seu Mercedes 1513, placas AZY 6849, de Curitiba. ‘‘Fui roubado em novembro do ano passado e desde então não pude mais trabalhar. Além disso, tenho dívidas com o banco e oficinas. Não sei mais o que fazer’’, declarou emocionado. Outro caminhoneiro, Jorge Danelenco teve sua camionete roubada, coincidentemente em novembro do ano passado, em Piraquara. Saiu frustrado por não tê-la encontrado, mas ainda acredita que ele seja recuperado.
Operação A operação de ontem faz parte de uma série de batidas, que vem sendo feitas em desmanches em Curitiba. O trabalho vem sendo feito em conjunto com a Promotoria de Investigações Criminais (PIC). Foi nessa operação que foi preso o empresário Joarez França Costa, conhecido como ‘‘Caboclinho’’. Costa também foi acusado na CPI do Narcotráfico de envolvimento no roubo e desmanche de carros. Caboclinho foi preso anteontem e acusa a polícia de tê-lo torturado, para que ele confessasse seu envolvimento com o crime organizado. O empresário vai processar os policiais que o agrediram.
Os barracões interditados pertencem aos empresários Joarez França Costa, o ‘‘Caboclinho’’ e Paulo Gilberto Pacheco Mandelli. ‘‘Caboclinho’’ está preso desde a noite de quinta-feira numa cela do Centro de Operações Policiais Especias (Cope). O empresário Paulo Mandelli está foragido. Ele está com prisão temporária decretada por 30 dias, por suspeita de receptação de carros roubados.