Dois projetos de lei ligados à causa animal foram protocolados no fim de 2023 e tramitam na CML (Câmara Municipal de Londrina). Trata-se dos textos n° 243/2023, da vereadora Dani Ziober (PP), e 239/2023, do vereador Deivid Wisley (Republicanos), que devem seguir para as comissões temáticas em fevereiro.

O PL n° 239/2023, como explica Wisley, busca “acabar de vez” com os canis clandestinos de Londrina. O texto propõe a obrigatoriedade de castração de cachorros das raças american bully, buldogue francês, border collie, chihuahua pelo longo, golden retriever, lhasa, poodle, pastor-belga-malinois, pit bull, pug, pastor alemão, rottweiler, spitz alemão, shih tzu e yorkshire terrier a partir dos seis meses.

“A pessoa vai lá, compra um casalzinho de shih tzu, tanto macho quanto fêmea, e começa a tirar cria desse animal nos fundos da casa, sem responsabilidade nenhuma. Tira cria após cria, e depois a fêmea, que a gente chama de matriz, acaba pegando uma infecção de útero, um câncer de mama, e a pessoa acaba colocando esse animal na rua”, exemplifica Wisley, que ressalta que a medida não atinge os canis regularizados.

“O canil regularizado é na zona rural, não pode ser na zona urbana, tem que ter um responsável, que é um veterinário, os animais têm que ser bem tratados, a fiscalização acompanha mensalmente. É para acabar com o canil clandestino”, acrescenta.

Caso o texto seja aprovado e sancionado, quem adquirir os animais das raças apontadas no PL deverá fazer a castração a partir dos seis meses. A medida não alcança quem já é tutor. “Única e exclusivamente queremos acabar com a prática do canil clandestino”.

O projeto está na Comissão de Justiça, com prazo até 13 de fevereiro. Na sequência, segue para a Comissão dos Direitos e Bem-Estar Animal.

MAUS-TRATOS

Já o PL n° 243/2023 quer proibir a utilização de animais “como emprego de arma” para confrontos e ataques a pessoas e outros animais. Na prática, o texto altera a Lei Municipal n° 12.992/2019, que institui sanções e penalidades administrativas para quem pratica maus-tratos aos animais.

Na avaliação de Ziober, o PL é importante porque algumas pessoas usam seus animais "como armas, literalmente". "Pessoas procuram, às vezes, animais agressivos para impor alguma coisa ou usá-los contra humanos e outros animais. É de suma importância que seja aprovado e eu acredito que as discussões [na CML] terão um bom resultado”, argumenta a vereadora. “O animal é irracional e age, muitas vezes, por impulso. Então, o animal tem que ser controlado. E a partir do momento que a pessoa instiga o animal a ser agressivo com outras vidas, isso é um crime muito sério.”

Segundo o PL, as exceções são os “casos de posse de agentes públicos de segurança, cão-guia e animal de apoio”. O projeto ainda estipula como sanção a “proibição de guarda, posse e propriedade de animais pelo prazo de 10 anos, prorrogáveis por igual período” e determina que, caso ocorra apreensão e seja constatada a prática de maus-tratos pelo tutor, “este deverá arcar integralmente os custos médicos, de estadia e tratamento do animal”.

O PL está em análise na Comissão de Justiça, com prazo até 8 de fevereiro. Depois, deve seguir para as comissões de Finanças e Orçamento e dos Direitos e Bem-Estar Animal.