Vitória, ES - Michel Temer (MDB) disse ser "um trabalho dificílimo" estar na Presidência. "É uma coisa que você fica sujeita a bombardeios a todo momento, mas tenho a felicidade de ter chegado até aqui", se referindo a ter feito um governo "não de quatro ou oito anos", mas de "um ano e 11 meses".
Com silêncio e um leve sorriso, o presidente reagiu, em Vitória, às perguntas da reportagem da sobre a prisão de aliados nesta quinta-feira (29) pela Operação Skala da Polícia Federal. Após a inauguração do novo aeroporto da capital capixaba, enquanto conversava com políticos e posava para fotos, o presidente foi questionado sobre a operação e se havia sido informado previamente dela. Ignorou até ser retirado do palco por seguranças.
Enquanto isso, do lado de fora do aeroporto, Temer enfrentou protestos. O boneco de um "vampirão" de dois metros de altura, armado com um fuzil, foi queimado por manifestantes. Faixas contra o governo foram colocadas no saguão do novo aeroporto.
O Palácio do Planalto avalia que a operação da Polícia Federal desta quinta-feira representa a escalada do cerco político que asfixia o governo e uma ampliação das investigações contra Temer.
Na opinião de aliados, as prisões de integrantes de um núcleo tão próximo a Temer -somadas à quebra de sigilo bancário do presidente no início de março- podem contribuir para a montagem de um "enredo mais substancioso" que sirva de base para a apresentação de uma eventual terceira denúncia contra ele. A operação desta quinta foi um pedido da Procuradoria-Geral da República e autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). E é justamente a PGR a responsável por apresentar denúncias contra o presidente. (Lucas Rezende/Folhapress)