O PL (Partido Liberal) de Londrina, que hoje possui seis vereadores e, ao lado do PP (Progressistas), a maior bancada da CML (Câmara Municipal de Londrina), quer aumentar sua representatividade no Legislativo Municipal de olho nas eleições de 2026, quando alguns parlamentares devem concorrer aos cargos de deputado estadual e federal.

Hoje, compõem as fileiras do PL os vereadores Santão, Roberto Fú, Marinho, Michele Thomazinho, Anne Moraes e Marcelo Oguido.

No começo de abril, o deputado federal Filipe Barros (PL), que lidera o partido na cidade, afirmou à FOLHA que vinha conversando com alguns vereadores. Qualquer mudança de legenda antes de 2028, quando haverá a janela partidária de vereador, depende de uma carta de anuência do partido atual.

Uma fonte revelou à reportagem que um dos nomes desejados pelo PL é a vereadora Jessicão (PP). Ela e Barros, inclusive, vem se reaproximando nos últimos dias, após um período de afastamento - Jessicão trabalhou no gabinete do deputado quando ele era vereador em Londrina.

Procurada, a assessoria da parlamentar confirmou o convite do PL, mas ressaltou que ainda não há definição sobre o assunto. "Está acontecendo uma conversa sobre o tema 2026, visto que a vereadora Jessicão sempre foi alinhada ao presidente Bolsonaro."

Após a sessão desta terça-feira (15), Jessicão disse à reportagem que quer conduzir o processo com "todo respeito do mundo" com o PP - e com o deputado federal Ricardo Barros (PP), que tem apoiado a presença da parlamentar no Progressistas.

Ou seja, qualquer mudança depende da “bênção” de Ricardo Barros e do aval presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, pontos que devem ser costurados nos próximos meses.

BANCADA

À FOLHA, Santão, líder do PL na Câmara, afirmou que todo vereador que "comungue com esses princípios e valores do PL é bem-vindo". "Mas, aqui em Londrina, não existe nenhuma conversa mais aprofundada ainda no sentido de haver transferência de vereadores de outros partidos para o PL. O que há, realmente, é uma intenção tácita”, disse.

LEGISLAÇÃO

O advogado Frederico Reis explica que a carta de anuência é um caminho possível para a mudança partidária fora da janela, mas lembra que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem um "entendimento restritivo" sobre a questão. A Justiça Eleitoral já decidiu que a autorização deve partir do diretório nacional da legenda.

“Eu penso o seguinte: se o órgão partidário dá a carta de anuência, o vereador não pode ser prejudicado por isso”, diz o advogado.

O advogado e professor Nilso Paulo da Silva explica que, nas eleições proporcionais (vereador e deputado), a vaga pertence à legenda. Qualquer mudança depende da anuência do partido ou de exceções previstas na legislação, como a mudança programática do partido e extinção ou fusão da sigla.

"O partido tem o programa 'x', é contra o aborto, e de repente o partido muda o seu programa e se torna a favor do aborto. Quando tem essa mudança, é uma das possibilidades de saída sem perder o mandato", exemplifica Silva.

"Outra possibilidade que sempre acaba trazendo várias discussões é a autorização do partido para que os filiados eleitos possam mudar de partido sem perder a vaga na Câmara, na Assembleia ou na Câmara Federal", acrescenta.

Um caso de migração ocorreu no ano passado, quando o deputado estadual Tercilio Turini, que havia sido eleito pelo PSD, conseguiu a anuência estadual e federal para se filiar ao MDB fora da janela. Foi o movimento necessário para construir sua candidatura à Prefeitura de Londrina.

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