O consultor paulista Paulo Sérgio Rosa, que há três anos mora no Condomínio Willians Island, no Aventura, região nobre da Grande Miami, e o ex-doleiro de Curitiba, Jamil Degan, que há 20 anos mora em Nova York, são apontados como os principais suspeitos de estarem por trás do pastor Caio Fábio, presidente da Visão Nacional de Evangelização (Vinde), no dossiê sobre uma suposta conta num paraíso fiscal do Caribe mantida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo governador de São Paulo, Mário Covas, pelo ministro da Saúde, José Serra e pelo falecido ex-ministro Sérgio Motta.
Brasileiros do eixo Miami-Nova York falaram ontem à reportagem da Folha sobre os dois suspeitos. Segundo empresários do sul da Flórida, quando o pastor Caio Fábio disse que um amigo de Miami, evangélico, brasileiro e ligado ao mercado financeiro informou-lhe que sabia quem tinha os documentos que comprometiam o presidente e seus aliados, ele deu um perfil tão detalhado que se enquadra apenas em pouquíssimas pessoas. Daí até se chegar ao nome do consultor de marketing Paulo Sérgio Rosa foi um pulo.
Paulo Sérgio também ficou conhecido entre a comunidade brasileira pelas festas que promovia em condomínios de luxo, ou para promover a sua empresa de consultoria Nova Fase ou o programa de TV semanal que mantinha numa emissora local. Nos jantares, sempre apareciam figuras de destaque em Miami, inclusive o ex-presidente Fernando Collor. O consultor também estava por trás de um pequeno jornal local, chamado ‘‘Star’’, escrito em português, o qual se especializou em criticar o embaixador do Consulado de Miami, Luiz Fernando Benidini, e pessoas próximas ao círculo do diplomata. Ao mesmo tempo, o ‘‘Star’’ dava espaço para o ex-presidente Fernando Collor e seus assesores.
Como Paulo Sérgio Rosa, além de consultor atua no mercado financeiro, e também é evangelista, atuando como presidente da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno, capítulo de Miami), as pessoas ouvidas pela Folha foram unânimes em apontá-lo como principal suspeito de ser o chamado amigo que confidenciou a Caio Fábio a existência do dossiê.
Já em Nova York, Jamil Degan, ou James Degan, é apontado como o maior suspeito. ‘‘A idade de 65 anos, o cabelo branco, estatuta média e outros detalhes’’ revelados pelo pastor Caio Fábio, ‘‘combinam exatamente com as características dele’’, disse à Folha Edilberto Luciano Mendes, editor do jornal ‘‘The Brasilians’’, de Nova York.‘‘Não podemos provar que ele seja a pessoa que teve o encontro com o pastor, mas toda a comunidade brasileira daqui acredita que seja ele. Edilberto disse que Jamil é uma figura muito conhecida pelos brasileiros que moram em Nova York.
Segundo o jornal ‘‘O Globo’’, Jamil teria chegado em Nova York em 1972, foi dono de restaurante, boate e loja de equipamentos de som e também vendia carros. Ele teria sido proprietário da casa de câmbio, Jade, em Curitiba. Sua saída da cidade foi motivada por causa de uma dívida. Na versão de Caio Fábio, quando ele chegou ao Hotel Ritz Carton em West Palm Beach (não existe esse hotel em Fort Lauderdale, conforme vem sendo divulgado), o senhor de cabelo branco e que supõe ser o Jamil, estava no telefone com o ex-governador Leonel Brizola.