Jovens, idosos, empresários, estudantes, donas-de-casa, pessoas das mais variadas classes sociais e econômicas se reuniram ontem à tarde no Centro de Londrina com um objetivo comum: protestar contra a corrupção e a impunidade dos políticos brasileiros.
O movimento, organizado pela entidade nacional Reforma Brasil, aconteceu simultaneamente em 20 cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Brasília. Só na capital paulista, cerca de 800 pessoas se reuniram ontem à tarde na Avenida Paulista para pedir mais dignidade na política.
Em Londrina, cerca de 250 pessoas se encontraram no Calçadão e saíram pelas ruas da cidade chamando a população para se mobilizar. ''Faço isso porque acho que precisamos dar um basta nessa situação. Se continuar desse jeito eu não terei um futuro digno e muito menos os meus filhos'', disse o estudante de Direito Ronan Botelho, organizador da passeata.
Ele afirmou que apenas a Internet foi usada para divulgar o evento, que contou com a colaboração de várias pessoas. ''Não tivemos um patrocinador, cada pessoa ajudou como pôde. Não temos filiação partidária e estamos contra a corrupção geral, não só de um partido ou outro'', explicou.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Neme Ruiz, participou da passeata e disse acreditar que esse é o início de um movimento maior. ''O brasileiro é um povo pacífico, mas isso está mudando. A corrupção afeta não só o produtor rural, mas todas as pessoas'', comentou.
Para o estudante Josué Carlos Salvadego Júnior, 19 anos, a passividade do brasileiro é um problema que precisa acabar. ''Ficar em casa não vai adiantar nada. Isso é uma vergonha e espero que as pessoas se conscientizem. Os caras-pintadas deveriam existir outra vez'', disse. ''Isso é um trabalho de formiga. Cada um precisa fazer sua parte para mudar a situação do País'', completou a comerciante Rosimeire Tini Oliveira, 42 anos, que acompanhou o trajeto com bandeira e apito.
Outro que levava com orgulho a bandeira verde e amarela foi o professor Jamil Hatti, 65. Ele lembrou que já lutou contra a ditadura, pelas Diretas Já e está indignado com a passividade que tomou conta do País. ''Todas as pessoas deveriam estar nas ruas, como fizeram os caras-pintadas em 1990 por muito menos do que está acontecendo hoje. Parece que o brasileiro perdeu sua dignidade e não sabe que o poder está em suas mãos'', explicou.
Para o presidente do Clube de Engenharia de Londrina, Nelson Brandão, a demora de uma resposta pública tem outra razão. ''A população imagina que as CPIs irião apurar o que aconteceu e punir os culpados. Como isso não aconteceu, é hora de irmos para a rua pedir uma atitude dos governantes para acabar com a corrupção'', disse.