Imagem ilustrativa da imagem Papai Noel político: os presentes que não vieram em 2020

A tradição da troca de presentes como celebração ao nascimento do Menino Jesus data dos primeiros séculos do Cristianismo. Conta a história que os três reis magos Belchior, Baltazar e Gaspar visitaram a Sagrada Família levando ouro, mirra e incenso. Na Política, a relação entre os eleitores e os eleitos também se pauta como uma troca baseada na confiança e em expectativas. As promessas de campanha deveriam transformar ações que promovessem a melhora da qualidade de vida da população em geral.

Este ano se encerra depois de longos e dramáticos meses da pandemia da Covid-19. Nos Três Poderes, já se reduz o volume de trabalho nas repartições e uma verdadeira lista de desejos da sociedade não será entregue. Com o auxílio dos cientistas políticos e professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Clodomiro Bannwart e Elve Cenci, a FOLHA listou dez questões que poderiam ter sido resolvidas em 2020, no âmbito federal, estadual e municipal, para que os votos de um feliz ano novo fossem mais animadores.

Votar a Reforma Tributária

Prometida e aguardada para ajudar a simplificar os impostos, muito se falou e pouco se decidiu. A proposta espera o Congresso Nacional se mover enquanto os políticos têm como prioridade eleger as mesas diretoras das casas. “Geralmente, as reformas não trazem perspectiva para aliviar os mais pobres. Quem ganha um salário médio acaba que paga os impostos. Ainda tem o problema do Imposto de Renda, que não tem a alíquota corrigida e se torna cada vez mais injusto”, avalia Cenci.

Resolver a Reforma Administrativa

A promessa de que o Estado seja mais enxuto e eficiente é promessa muito antiga e não sai do papel. É preciso que os órgãos de controle tenham atenção para que não se aumente a chance de serem criados mais cargos políticos. “Ocorreram muitos atritos entre o Planalto e o Congresso durante o ano, lembrando as várias manifestações de ataque ao Congresso Nacional e ao STF promovidas pelo presidente e seus apoiadores no início do ano, gerando desgastes desnecessários entre os Poderes da República”, lembra Bannwart.

Começar a vacinar contra a Covid-19

A administração descentralizada e a falta de objetividade do governo federal foram conclusivas para que, enquanto diversos países começassem a imunizar suas populações, os brasileiros só escutassem promessas. O Planalto, por meio da Fiocruz, apostou em uma única vacina, que teve o resultado de seus testes adiados. Um plano nacional de vacinação saiu graças à ordem judicial do STF (Supremo Tribunal Federal), mas ainda não se tem notícia nem de seringas e agulhas. Enquanto isso, a pandemia se agrava.

Resolução para o auxílio emergencial

O governo relutou, o Congresso apertou e um programa de auxílio às pessoas que perderam suas ocupações durante a atual crise sanitária teve aportes financeiros fundamentais para a sua sobrevivência. A crise não terminou, mas a continuidade da ajuda não está garantida. “A taxa de desemprego já era de 13% e muita gente que fazia bico perdeu a chance de tirar seu sustento. Precisamos acompanhar o que vai acontecer com a população. Muitas dessas pessoas não têm o que fazer”, alerta Cenci.

Adoção de medidas ambientais concretas

Em um ano em que a fumaça das queimadas no Pantanal tomou o céu do País, as críticas à postura que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem em relação ao ambiente extrapolaram. Criticadíssimo, o ministro Ricardo Salles foi mantido no posto. O ano que se inicia com uma nova administração nos EUA já aponta que o Brasil terá problemas. O presidente eleito Joe Biden afirmou que o tema será central em sua atuação e sinalizou possíveis medidas contra o País.

Avançar no combate à corrupção

Uma nação que precisa ter notícias de um senador preso com quantia de dinheiro entre as nádegas não parece seguir o caminho correto para controlar as irregularidades com os cofres públicos. “Não tivemos avanço algum, ao começar pelo presidente e seus filhos, que devem muitas explicações para a sociedade sobre seus atos. Não podemos esquecer do Queiroz. Há muitos políticos que usam o poder sem escrúpulos. As respostas não estão vindo à altura”, criticou Censi.

Avançar numa solução para os pedágios no Paraná

Sensível ao bolso do paranaense e epicentro dos maiores e mais recentes esquemas de corrupção no Estado, os contratos entre as concessionárias das rodovias precisam de um novo modelo, mas nenhuma solução foi apresentada ainda. O problema é grave porque impõe uma perda de competitividade para os setores econômicos. O tema tem sido alvo de muitas promessas, mas ainda nenhuma medida concreta foi apresentada.

Aprovar o Plano Diretor de Londrina

Base da política de desenvolvimento urbano e de expansão da cidade para os próximos dez anos, o Plano Diretor se arrasta na Câmara nos Vereadores. O debate com a sociedade é fundamental, não deve ser dispensado, mas já poderia ter sido feito num ritmo mais célere. A impossibilidade de realizar audiências públicas devido à pandemia empurrou para frente a discussão sobre a Lei Geral para 2021. A prefeitura terá que alinhar o debate com a próxima legislatura renovada em quase 70%.

Duplicação da PR-445

Aguardada há 30 anos, a duplicação da PR-445 segue a passos de tartaruga. Os trechos anunciados ainda estão aquém da necessidade do Norte do Paraná. “É louvável, no caso de Londrina, a parceria entre os setores público e privado quanto à criação de um planejamento estratégico pensando a cidade nos próximos vinte anos, oportunizando aos cidadãos o conhecimento de metas almejadas, a verificação de cada etapa consolidada e a avaliação dos objetivos cumpridos”, analisa Bannwart.

Desassoreamento do Lago Igapó

Principal cartão-postal de Londrina, o Lago Igapó precisa de cuidados. A discussão sobre o local ultrapassou a administração de Alexandre Kireeff e o primeiro mandato do prefeito Marcelo Belinati (PP). “O lago está cheio de terra, há locais em que já está nascendo vegetação. O atual governo transfere a responsabilidade para a Sanepar, mas alguma solução precisa ser apresentada. O Igapó é um ativo da cidade e não pode se transformar num mero espelho d’água”, sentencia Cenci.