Padre depõe no TJ e nega acusações
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sexta-feira, 11 de maio de 2001
Israel Reinstein De Curitiba
O prefeito de Mariluz (35 quilômetros a sudoeste de Umuarama), o padre licenciado Adelino Gonçalves (PMDB), apresentou sua defesa ontem no Tribunal de Justiça, em Curitiba. Segundo ele, o secretário de Ação Social, Élcio de Farias seria o mandante do assassinato do vice-prefeito, Aires Domingues (PPS), e do presidente do diretório do PPS em Mariluz, Carlos Alberto de Carvalho. Gonçalves está preso em Curitiba, acusado de ser o autor intelectual do duplo homicídio, que aconteceu no dia 28 de fevereiro. Ele negou todas as acusações.
Na versão do prefeito, Aires Domingues e Carlos de Carvalho teriam provas que comprovariam desvios realizados por Farias, quando integrava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Rancho Alegre do Oeste (a 83 km ao sul de Campo Mourão). Élcio Farias está preso.
O padre Adelino Gonçalves argumentou que as acusações têm cunho político e foi orquestrada por seus adversários. De acordo com ele, tanto Domingues como Carvalho eram pessoas com as quais teria um bom relacionamento. Gonçalves disse que Carlos de Carvalho foi o coordenador da sua campanha eleitoral e o defendeu de acusações realizadas durante as eleições. Depois nos afastamos quando se formou o secretariado, mas continuamos nos dando bem, afirmou.
O prefeito licenciado rebateu as acusações do Ministério Público, que o apontam como mandante do crime. Adelino Gonçalves teria contratado o pistoleiro José Lucas Gomes. Conheci ele em Rancho Alegre, onde fui padre, mas depois que sai de lá não tive mais contato com ele, assegurou.
Porém, os promotores afirmam que o chefe da Divisão de Compras da Prefeitura de Mariluz, Alexandro do Nascimento; e o secretário de Ação Social, Élcio Farias, foram quem contrataram Lucas. O pistoleiro recebeu R$ 20 mil mais um carro Monza. Parte do dinheiro, saiu da conta de Adelino Gonçalves, por meio de dois empréstimos, que totalizam R$ 7,5 mil.
A partir de agora, o advogado de defesa Claúdio Dalledone Júnior tem cinco dias para apresentar o nome das testemunhas de defesa. O prefeito de Mariluz continua detido em uma cela especial no Batalhão da Polícia da Guarda, unidade da PM em Curitiba. Ele está preso desde o dia 17 de março.