A oposição ao governador Ratinho Junior (PSD) na Assembleia Legislativa (AL) ingressou na noite desta quarta-feira (2) com uma Reclamação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o governador e os chefes das forças de segurança do Paraná, pela suposta omissão em relação às manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que bloqueiam rodovias e pedem um golpe de estado no país. Os bloqueios começaram na noite de domingo (30) em todo o país.

“Estamos apresentando uma Reclamação no STF para que o governador, o secretário de Segurança do Estado, Wagner Mesquita, e o comandante da PM, Hudson Leôncio Teixeira, sejam intimidados a cumprirem imediatamente a decisão proferida na ADPF 519, sob pena de multa, crime de responsabilidade e tipificação do delito de desobediência”, disse o líder da oposição na AL, deputado Arilson Chiorato (PT). “A situação está escalonando de forma muito preocupante e o governador precisa atuar de forma enérgica e urgente para solucionar esta crise. O Paraná e o Brasil precisam de paz e normalidade”.

Na manhã desta quarta-feira, o portal de notícia UOL publicou um vídeo, que estaria circulando em grupos de WhatsApp, em que o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Hudson Teixeira, disse estar “prevaricando” ao não cumprir a ordem do STF para que as rodovias sejam desbloqueadas.

Em conversa com manifestantes, ao lado de outros oficiais da PM, Teixeira diz que, se as rodovias não forem parcialmente liberadas (a ordem judicial determina desbloqueio total), a corporação “vai começar a fazer o que a lei está determinando”.

“É preciso que vocês também tenham bom senso, senão a gente vai fazer o que a lei está determinando. Na verdade, a gente está prevaricando. Já deveria ter feito. Vamos começar a fazer multa para todo mundo, multa de trânsito e aquela multa de R$ 100 mil”, afirmou o comandante da PM.

A oposição a Ratinho Junior também encaminhou um Requerimento de Envio de Expediente ao governador, solicitando uma reunião de urgência para debater a situação. Os deputados exigem a “imediata adoção de todas as providências para desobstrução das rodovias que permanecem bloqueadas por grupos antidemocráticos e atentatórios ao Estado Democrático de Direito”, além de “requerer o cumprimento pela Polícia Militar do Paraná das ordens judiciais vigentes para desobstrução das rodovias estaduais e para reforço policial das rodovias federais situadas em nosso Estado, bem como informação do estágio da efetivação das ordens judiciais”.

Assinam os dois documentos, além de Arilson Chiorato, os deputados Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PT) e Tadeu Veneri (PT).

Governo

A reportagem da Folha entrou em contato com as assessorias do Palácio Iguaçu, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e da PM do Paraná. Até o fechamento da edição, apenas a Sesp respondeu por meio de nota.

Confira na íntegra:

"A Secretaria da Segurança Pública do Estado do Paraná ressalta que as forças de segurança estaduais estão cumprindo integralmente a decisão do Supremo Tribunal Federal, em apoio à Polícia Rodoviária Federal. O trabalho de desobstrução das estradas estaduais e federais começou na segunda-feira e mais de 200 desbloqueios já foram realizados.

A Polícia Militar do Paraná tem agido de acordo com a técnica policial consolidada para resolver este tipo de crise. A liberação das estradas tem sido feita com negociação e uso progressivo e escalonado da força quando necessário.

O objetivo é cumprir integralmente a determinação judicial. No momento, não há pontos de bloqueio total e apenas sete pontos de bloqueio parcial nas rodovias estaduais."

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