Parlamentares da oposição tentam nesta quarta-feira (22) associar o suposto plano da facção criminosa PCC contra o senador e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil-PR) à fala de um dia antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que pensava em vingança quando estava preso em Curitiba.

O plano da facção veio à tona nesta quarta depois que a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir 24 mandados de busca e apreensão, 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária contra os suspeitos. Ao menos 9 pessoas foram presas.

Nesta terça, Lula e Moro voltaram a trocar farpas devido à Operação Lava Jato. Lula relembrou que, no período em que esteve preso, costumava falar para procuradores que iam visitá-lo que iria "foder esse Moro". O senador respondeu no mesmo dia e disse que o presidente quer se vingar do povo brasileiro.

Nesta quarta, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou solidariedade a Moro e ao promotor Lincoln Gakiya - que também seria alvo dos criminosos - e relembrou o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, em 2002. "Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sergio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda. A CPMI [comissão parlamentar mista de investigação] assombra os inimigos da democracia", escreveu nas redes sociais.

Já o deputado federal bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), de Londrina, disse que a fala de Lula era "a autorização que o PCC precisava para executar o plano" contra o senador. O parlamentar afirmou que a PF "agiu rapidamente" e disse que o caso terá desdobramentos no Congresso.

Integrantes do governo e aliados no Congresso rebateram a relação que a oposição faz da fala de Lula com o plano dos criminosos. "Não há qualquer possibilidade de vínculo entre a manifestação do presidente Lula e a operação que foi realizada. Muito pelo contrário, eu acho que a operação é exatamente uma demonstração dessa isenção", disse a jornalistas o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta.

"Na manifestação, o presidente Lula relatou o sentimento de injustiça e da indignação. Absolutamente natural compreensível de alguém que ficou 580 dias detido numa solitária e que depois teve todos os seus processos anulados", completou.

Pimenta disse que a operação é demonstração de que a PF é republicana e que não está mais aparelhada.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a operação mostra que o aparelhamento da Polícia Federal "acabou". Segundo ele, em outros tempos, talvez a PF "nem tivesse abordado, feito uma investigação como essa, com celeridade" para intervir.