Lideranças de oito partidos no Paraná se reuniram nesta segunda-feira (20) em Curitiba para iniciarem a discussão da formação de uma frente para enfrentar os candidatos apoiados pelo governador Ratinho Junior (PSD) e os partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais do próximo ano. A partir da assinatura de um documento em que o grupo marca uma posição contrária à privatização da Copel e ao novo modelo de pedágio, a ideia é construir uma frente para as eleições municipais de 2024.

O encontro, denominado Coalizão em Defesa do Paraná, teve representantes de nove partidos: PT, PDT, PSB, PSDB, PCdoB, PV, Rede Sustentabilidade, PSOL e Solidariedade. Destes, somente o PSDB não apoiou formalmente, em nenhum momento, a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado. Dos partidos com representação na Assembleia Legislativa do Paraná, o PT, com sete deputados, e o PDT, com um, formam a oposição a Ratinho Junior. O PSDB mantém uma postura de independência, mas votou contra o governo em assuntos como a venda de ações da Copel e a criação de cargos comissionados.

A presença do PSDB, um histórico adversário do PT, foi autorizada pelo presidente estadual do partido, o ex-governador e deputado federal Beto Richa. “Temos nossas diferenças, que foram traduzidas em muitos momentos eleitorais, mas hoje temos algo que nos une, que é o respeito à democracia, ao estado democrático de direito e aos direitos humanos e civis. Isso foi representado pela vitória do presidente Lula”, disse o ex-deputado Michele Caputo, membro da executiva estadual do PSDB. Para ele, o “lava-jatismo” também representa um risco político no estado.

O deputado federal Luciano Ducci, presidente estadual do PSB, disse que seu partido vem discutindo a formação de uma federação com PDT e Solidariedade. Com isso, a frente poderia ter a participação de três federações partidárias, somando-se às duas já existentes, uma com PT, PCdoB e PV e outra com o PSOL e Rede Sustentabilidade. “Em uma conta rápida, temos mais de 140 deputados”, disse ex-prefeito de Curitiba. “Isso dá a expressão do que pode ser esse conjunto político nas próximas eleições municipais”.

Na carta aprovada, os líderes de partidos se posicionaram contra a venda de ações da Copel, pela mudança do edital para a contratação das novas empresas que ficarão responsáveis pelo pedágio no estado e em defesa do Porto de Paranaguá, das empresas públicas estaduais e federais e do funcionalismo público.

Candidatos próprios

Apesar da sinalização de uma frente de oposição, os representantes dos partidos lembraram que a definição a respeito das candidaturas nas eleições de 2024 caberá a cada legenda e que algumas não abrirão mão de ter candidatos próprios. A ideia é iniciar as discussões para possíveis alianças e, onde não for possível, alinhar o apoio no segundo turno nas maiores cidades do estado (só municípios com mais de 200 mil eleitores têm segundo turno, situações de Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Cascavel e Foz do Iguaçu em 2020).

“Em princípio, o PSDB deverá ter candidato a prefeito de Curitiba”, adiantou Michele Caputo. “A questão eleitoral é apenas uma orientação”, disse o ex-deputado federal Angelo Vanhoni, presidente do PT em Curitiba. “Eu não vim aqui preparado para tirar uma posição a respeito da eleição. A questão central é que este grupo tem o desejo de estar unido para barrar o avanço do neoliberalismo exacerbado no Paraná”, afirmou. Presidente do PDT no estado, o deputado estadual Goura tem a mesma visão. “Temos uma tarefa importante, a defesa da democracia. O Paraná flertou com o fascismo e o golpismo”.

O deputado Arilson Chiorato, presidente estadual do PT, confirmou que a intenção, ao preparar uma carta conjunta, é buscar os pontos convergentes entre os partidos, pensando em 2024, mas admitiu que ainda é cedo para pensar em candidaturas. “Vamos fazer o máximo esforço possível para que todos nós caminhemos juntos nas eleições municipais, seja no primeiro ou no segundo turno. Nosso esforço vai ser para replicar essa aliança em todas as 399 cidades do Paraná, com o pensamento de defesa do patrimônio público e progressista”.

Também estiveram presentes na reunião os presidentes do PCdoB no Paraná, Elton Barz; do PSOL, Laerson Matias; e do PV, Raphael Rolim, além do porta-voz da Rede Sustentabilidade no estado, Sérgio Marangoni, dos deputados estaduais Professor Lemos e Requião Filho (ambos do PT), dos deputados federais Aliel Machado (PV) e Tadeu Veneri (PT) e do representante do Solidariedade, Lairson de Souza.