Com canteiros de obras espalhados por toda a cidade, a demanda por engenheiros é grande. A construção de um só prédio impõe a necessidade de um volume grande de projetos, como de profissionais para orçar, executar e fiscalizar os trabalhos. A necessidade da elaboração de uma nova sede para a Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) e a abertura de um edital para a contratação de oito projetos fizeram com que o Observatório de Gestão Pública de Londrina iniciasse um estudo sobre uma possível falta de engenheiros especialistas na equipe da Secretaria Municipal de Obras. A dúvida do organismo de fiscalização é sobre qual escolha traria mais economia para o cofre municipal: a contratação de novos engenheiros por concurso público ou a encomenda dos projetos por meio de certames.

Imagem ilustrativa da imagem Observatório de Londrina estuda falta de engenheiros na Prefeitura
| Foto: Ricardo Chicarelli/5-11-2018

O trabalho de análise que responderá tal questionamento ainda deve durar pelo menos quinze dias, mas já tem alguns indicativos. Em 2018, por exemplo, foi gasto R$ 1,06 milhão com investimentos em projetos. Já este ano, já se tem um cálculo de R$ 750 mil até o momento. “Uma questão delicada no que diz respeito às licitações é a necessidade do menor preço, mas neste caso os critérios técnicos têm enorme importância. Atualmente o quadro de engenheiros da secretaria de Obras não é suficiente nem para realizar a devida fiscalização. Os únicos projetos que são feitos são de galerias pluviais”, apontou o advogado Gabriel Barioni, responsável pelo estudo no Observatório.

A preocupação com os projetos não deve ser apenas de caráter técnico. Na avaliação de Barioni, o trabalho de elaboração de novas construções tem uma enorme responsabilidade com o desenvolvimento da cidade. “A ideia é que os projetos atendam a critérios de sustentabilidade e deem retorno não só à sociedade como ao ambiente”, disse. Esta orientação deve ser guia dos gestores e profissionais que pensam estrategicamente o futuro das cidades. O número de profissionais escolhidos hoje deve ser determinado levando em consideração os planos de médio e longo prazo. “Estas são decisões políticas e sempre esperamos que sejam feitas com responsabilidade”, opinou Barioni.

DÉFICIT

O secretário municipal de Obras, João Verçosa, defende a decisão de a prefeitura licitar os projetos de engenharia. Um dos principais argumentos é que a necessidade atual da mão de obra é circunstancial. Neste momento há um montante de obras que faz com que o número de engenheiros seja insuficiente. “Outra questão importante é que esses projetos exigem alta qualificação e atualização constante. Mesmo as construtoras abriram mão de ter projetistas. Temos a nossa disposição os melhores profissionais no mercado, que tanto trabalham para as prefeituras como para a iniciativa privada”, explicou Verçosa.

Ainda há a necessidade de engenheiros para resolver antigos problemas. Segundo o secretário, há um deficit dos profissionais para o trabalho de legalização das obras privadas. Cerca de 4 mil projetos aguardam análise. “São projetos de prédios, casas e até que determinam a divisão de terrenos, numa fase preliminar à construção. Precisamos resolver essa questão, que é um problema antigo”, afirmou o secretário. Com o intuito de resolver os atuais problemas, a prefeitura publicou na terça-feira (19) um edital para a contratação temporária, por até dois anos, de 26 engenheiros civis. O teste seletivo simplificado oferece um salário de R$ 6.808,12.