A OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil), seção Paraná, emitiu nota pública nesta quarta-feira (20) pedindo que o presidente da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), Ademar Traiano (PSD), se afaste do cargo. O comunicado ocorre após a divulgação na segunda-feira (18) pela RPC TV de áudios nos quais ouve-se Traiano combinando o recebimento de R$ 100 mil do empresário Vicente Malucelli, da TV Icaraí, empresa que prestava serviços para a Alep.

Em 2015, Traiano e o ex-deputado Plauto Miró Guimarães (União Brasil) firmaram um acordo de não persecução penal com o Ministério Público do Paraná, depois de confessarem terem pedido R$ 200 mil (R$ 100 mil para cada) para renovar o contrato da TV Icaraí.

"Diante da divulgação de mais elementos que evidenciam a obtenção de vantagem indevida por parte do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Ademar Traiano, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Paraná, vem a público repudiar práticas comprovadas de corrupção e reiterar o apelo para que ele renuncie imediatamente aos cargos de liderança e representação que ocupa", diz nota assinada pela diretoria da OAB.

Em uma das gravações divulgadas pela RPC TV, feita na Alep, Traiano acerta com Vicente Malucelli o repasse de dois cheques, no valor de R$ 50 mil cada, para uma mecânica. Em outro áudio, ele combina com Malucelli que seu filho, identificado como Júnior, receberia o pagamento de uma das parcelas. Em uma terceira gravação, uma funcionária da TV Icaraí diz que Vicente Malucelli pediu R$ 100 mil para cobrir os cheques que teria dado ao presidente da Alep.

A Ordem relembra no comunicado que, ao se tornar público que, em 2022, Traiano e Miró haviam firmado com o MP, dirigiu um ofício ao presidente da Alep "com um apelo para que renunciasse aos cargos de liderança e representação na Alep, com base no fato de que além do dever de probidade inerente a todos os agentes públicos, subsiste o dever de emanar uma imagem irretocável de integridade".

Novamente, a nota da OAB reforça o pedido de renúncia de Traiano para "salvaguardar a dignidade e o decoro do Poder Legislativo paranaense, fundamental para a manutenção da ordem democrática e da confiança pública nas instituições".

Em nota na segunda, Traiano afirmou que o caso “está encerrado”. “O deputado Traiano reafirma que formalizou um acordo junto ao Ministério Público, o qual foi homologado pelo Poder Judiciário e plenamente cumprido por sua parte. Conforme a legislação em vigor, o assunto está encerrado”, diz a nota enviada pela assessoria do parlamentar.