O senador e ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro (União-PR) disse, nesta sexta-feira (25), que o governo federal não tem bola de cristal para saber de tudo o que acontece na administração.

A afirmação foi feita após o senador ser questionado sobre o esquema fraudulento no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), que veio à tona nesta semana e por meio do qual foram desviados R$ 6,3 bilhões das contas de aposentados e pensionistas, entre 2019 e 2024.

Moro esteve em Londrina para participar da rodada do Fórum Regional das Indústrias no Norte do Paraná, promovido pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do. Paraná).

Escândalo do INSS

Quando jornalistas perguntaram a ele sobre o recente escândalo do INSS, Moro imputou toda a responsabilidade ao governo Lula, iniciado em 2023. Ao ser lembrado de que, segundo as investigações da PF (Polícia Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União), os descontos indevidos sobre as aposentadorias e pensões começaram em 2016, durante o governo de Michel Temer, e se estenderam por todo o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), do qual o senador fez parte como ministro da Justiça, Moro argumentou que os desvios “explodiram” a partir de 2023.

“Existia um esquema fraudulento anterior, mas os números multiplicaram por cinco, dez vezes em 2023. E foi aí que esse esquema fraudulento começou a ser percebido, quando ele ganhou essa escala”, afirmou o senador. “(No governo de Jair Bolsonaro) O esquema era uma fração do que acabou se tornando. E quando ele era essa fração, não foi detectado. A gente não tem bola de cristal para saber tudo o que acontece (no governo).”

Segundo a CGU, em 2023 foi observado o aumento no número de reclamações referentes a descontos não autorizados sobre aposentadorias e pensões e decidiu abrir uma investigação.

12 inquéritos

O volume de recursos descontados saltou de R$ 617 mi em 2019 para R$ 2,8 bi em 2024. A partir de junho do ano passado, 12 inquéritos foram instaurados pela PF para apurar o caso. Foi então que os investigadores descobriram que os descontos eram feitos sem autorização dos segurados. Há indícios de falsificação de documentos que simulam o aval.

Nem todos os R$ 6,3 bilhões descontados eram irregulares, porque uma parte foi autorizada, mas a maioria não tinha o aval dos aposentados e pensionistas, segundo o ministro da CGU, Vinicius Marques.

Moro defendeu a retomada das agendas da reforma e anticorrupção. “Precisamos retomar a agenda de reforma, inclusive a agenda anticorrupção.”

O senador também cobrou a demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi, responsável pela indicação de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS. Após a divulgação do esquema, Stefanutto foi demitido por Lula. “Quem é que nomeou (Lupi) e como isso aconteceu sob as barbas do governo federal? Temos, sim, que cobrar a responsabilização.”

Além da demissão de Lupi, o senador disse que é preciso procurar alguma forma de ressarcimento coletivo às vítimas e afirmou que é preciso punir, “principalmente, as pessoas que enriqueceram ilicitamente”.

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