BRASÍLIA, DF - Novos indicados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira assinaram nesta terça-feira (2) os termos de posse como diretores do Banco Central.

Picchetti assume a diretoria de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, enquanto Teixeira passa a chefiar a área de Administração, embora tenha sido nomeado por Lula como diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.

Na última sexta (29), a instituição comunicou a alteração feita pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, na designação da diretoria colegiada.

"A alteração, promovida em total consonância e com a concordância unânime de toda a diretoria colegiada, atende ao disposto no regimento interno do BC", disse o BC em nota.

Teixeira assume o comando administrativo no lugar de Carolina de Assis Barros, que passa a chefiar a área que ficou vaga com a saída de Maurício Moura, cujo mandato terminou no último dia 31.

A mudança acontece em meio ao desgaste provocado pela mobilização dos servidores do BC, que desde julho fazem operação-padrão e decidiram cruzar os braços durante 24 horas no dia 11 de janeiro de 2024.

Eles reclamam da falta de isonomia entre as carreiras do funcionalismo público e cobram uma equiparação de tratamento. A categoria pede também medidas de reestruturação de carreira.

Durante a sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal, Teixeira defendeu a valorização da carreira dos funcionários e disse que se empenharia pessoalmente nas tratativas.

"Precisamos dar solução urgente para a questão dos servidores. Vou me empenhar pessoalmente, caso seja aprovado, para conseguir a reestruturação da carreira e valorização dos servidores", disse.

Cabe ao diretor de Administração do BC dar diretrizes e acompanhar a execução dos processos internos de gestão de pessoas, de aprendizagem e de planejamento.

PERFIS

Servidor de carreira do BC, Teixeira atuava como secretário especial adjunto de Análise Governamental na Casa Civil. Ele tem doutorado em economia pela USP (Universidade de São Paulo).

Já Picchetti terá papel importante como representante do BC na presidência brasileira do G20, na qual atuará em conjunto com o Ministério da Fazenda.

Entre suas funções no BC, vai coordenar a avaliação da conjuntura internacional e de seus possíveis desdobramentos, além de acompanhar os riscos financeiros e o impacto de operações de política cambial, de política monetária, de aplicação das reservas internacionais e demais operações da instituição.

Ele é especialista em econometria, análise de ciclos econômicos e índices de preços. Antes de assumir o posto no BC, atuava como professor na Escola de Economia de São Paulo, ligada à FGV (Fundação Getulio Vargas). Ele é doutor em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

Os mandatos dos novos diretores do BC vão até 31 de dezembro de 2027, podendo ser renovados por mais quatro anos.

Os dois novos integrantes participarão do primeiro encontro do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, agendado para os dias 30 e 31 de janeiro. Hoje, a taxa básica de juros (Selic) está fixada em 11,75% ao ano.

A partir de agora, a cúpula contará com quatro nomes indicados pelo atual governo entre os nove membros do colegiado. Lula também já indicou Gabriel Galípolo e Ailton Aquino. Gradativamente, o presidente tem colocado no BC nomes mais alinhados ao seu governo, que pede maior flexibilização de juros.