Noronha era homem de Candinho Arquivo FolhaTEMPOS FELIZESEm outubro, Candinho apertou Noronha nos braços, confiante no trabalho do novo delegado-chefe Da Redação O ex-delegado-chefe da Polícia Civil do Paraná, João Ricardo Képpes Noronha, estava há oito meses no cargo. Ele era o homem forte do secretário da Segurança, Cândido Martins de Oliveira, que não economizava elogios à pessoa e ao desempenho profissional de Noronha. Isto ficou demonstrado muitas vezes – e sobretudo na posse de Noronha, em 27 de outubro do ano passado, quando Candinho se esmerou nos elogios e exagerou na previsão do futuro: ‘‘A troca de comando nas Polícias Civil e Militar marca uma mudança na filosofia de trabalho preventivo e de investigação’’, disse o secretário na solenidade. Antes, Candinho já havia alinhavado o que pensava: ‘‘Esta equipe é a ideal. Eu precisava ter a liberdade para escolher a equipe’’, afirmou o secretário semanas antes de escolher Noronha para chefiar a Polícia. ‘‘Vamos resgatar a sensação de segurança da população paranaense’’, acentuou o secretário na posse do delegado-chefe em outubro. E, por ironia, Noronha revelou à imprensa quais os principais objetivos de Noronha no importante cargo: ‘‘Vamos priorizar o combate ao tráfico de drogas, porque é atividade geradora de outros delitos’’. Quando estourou a notícia de que a quadrilha de Fernandinho Beira-Mar tinha ramificação no Paraná, Noronha descartou a possibilidade de atuação do traficante carioca no Estado. ‘‘Não há rota no Paranᒒ, disse o então delegado-chefe, complementando: ‘‘E nem crime organizado ligado ao narcotráfico’’. Noronha começou a cair já no primeiro depoimento na CPI do Narcotráfico. A primeira referência de que o delegado-chefe estava envolvido com o tráfico no Paraná, foi feita pelo traficante Marcelo Mateus dos Santos. Outras testemunhas, como a traficante Shirley Pontes também ser referiram a detalhes da maneira de como Noronha a instruía para atuar no tráfico. Na madrugada de quarta-feira, quando esteve na Assembléia para averiguar o caso do atentado à bala, o secretário Candinho fez a última tentativa de salvar Noronha, declarando textualmente aos repórteres: ‘‘Eu nunca ouvi falar nada sobre o envolvimento do delegado Noronha com irregularidades’’.