Ney Braga morre de câncer aos 83 anos
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segunda-feira, 16 de outubro de 2000
Luciana Pombo De Curitiba
Morreu ontem, aos 83 anos, o ex-governador do Paraná Ney Amintas de Barros Braga. Ele estava internado desde o último dia 4 de outubro, no Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Ney Braga sofria de câncer degenerativo. O corpo do ex-governador foi velado no Salão Nobre do Palácio Iguaçu. Durante todo o dia, amigos, políticos e familiares foram prestar as últimas homenagens.
Ele foi responsável por uma série de mudanças no Paraná. Principalmente em infra-estrutura de estradas e energia elétrica. Revelou grandes políticos e marcou a história do Paraná, definiu o governador Jaime Lerner, bastante emocionado. Entre os mais importantes políticos que vieram depois de Ney Braga de acordo com Lerner podem ser destacados Saul Raiz, Osíris Guimarães e Maurício Schulmann.
O secretário particular de Ney Braga desde 1960, Norton Macedo, ex-presidente do Banco do Estado do Paraná (Banestado), considerou a morte do ex-governador como um marco para a história. Ele foi a grande figura do Paraná na sua época e ainda o era agora. O Estado perde um grande estadista, declarou ele, acompanhando de perto toda a família Braga.
O engenheiro mecânico Caetano da Rocha Braga, de 56 anos, um dos sete filhos do ex-governador, disse que o pai deixou uma escola de política para os parentes e amigos. Como pai, ele deixou o carinho, o convívio intenso com a família, os telefonemas diários para os filhos e netos, disse ele, ao comentar que Ney Braga pouco falava sobre política nos últimos meses. Ele sempre se mostrava otimista com o futuro do País, por pior que fosse a crise pela qual o Brasil estivesse passando. Ele sempre tinha uma visão positiva do povo brasileiro e do futuro do País, salientou.
Nos últimos dias antes de sua saúde se agravar, Ney Braga estava muito caseiro. Ele passava os dias em casa, onde escrevia e lia muito. Também recebia visitas de amigos e parentes. Ou pessoalmente ou por telefone, o pai estava sempre conversando com amigos e parentes. Ele gostava muito do contato humano, definiu Caetano. O primo Fabiano Braga Cortes contou que o ex-governador sempre teve ânsia pelo poder, mas nunca teve apego ao material. Ele tinha ânsia pelo poder, teve o poder por 30 anos, mas nunca teve apego ao dinheiro. Ele tinha nojo do dinheiro. Vivia para servir, definiu.
Durante todo o dia o corpo de Ney Braga foi velado no hall do Palácio Iguaçu e, às 17h40, foi enterrado no Cemitério Municipal, em Curitiba. Antes do enterro ele foi homenageado com três slavas de tiros, dadas por 90 cadetes da Polícia Militar. O ex-governador foi enterrado com honras de chefe de Estado. A bandeira do Paraná que cobria o caixão foi entregue por Lerner à viúva de Ney Braga, Nice Braga, que a beijou quando recebeu. Ney Braga está enterrado no mesmo túmulo da primeira mulher, Maria José Munhoz da Rocha, que morreu em 1938.
Por causa da morte do ex-governador, o Palácio Iguaçu decretou luto oficial por sete dias. A Assembléia Legislativa decretou luto por três dias e cancelou a sessão plenária de ontem. Com a morte dele, a presidência do Conselho da Companhia Paranaense de Energia (Copel) fica vaga. Assumirá o cargo o secretário especial de Assuntos Estratégicos do Estado, Alex Beltrão. Vou responder pelo Conselho. Já fui designado pelo governador, contou Beltrão, que será responsável pelas decisões estatutárias da empresa desde a criação de subsidiárias até a aprovação de balanços. (Colaborou Rubens Burigo Neto)