O petista Nedson Micheleti, 42 anos, será o prefeito de Londrina nos próximos quatro anos. Numa das eleições mais tranquilas da história do município, ele foi eleito em segundo turno com exatos 153.400 votos, o que corresponde a 61,24% dos votos. Seu adversário, o jornalista Homero Barbosa Neto (PDT), fez 85.002 votos, ou 34,23%. No total, compareceram às urnas em Londrina 250.471 eleitores (de um total de 299.309). O índice de abstenção foi de 16,32%. A apuração, feita pela Justiça Eleitoral no Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), terminou às 19h35, no mesmo instante em que chegava ao campus o prefeito eleito.
Em números absolutos, a votação do petista foi muito expressiva – na eleição de 96, por exemplo, o prefeito cassado Antonio Belinati (PFL) fez 105.988 votos, 47.412 votos menos que Nedson fez este ano. Considerando apenas os votos válidos, o petista obteve ontem 64,15% e Barbosa 35,85%. ‘‘É uma responsabilidade muito grande. As pessoas estão felizes, mas também com uma expectativa muito grande. Eu quero honrar cada voto que tive’’, afirmou o eleito.
Ao contrário do primeiro turno, quando ficou cauteloso até a divulgação oficial do resultado das urnas, ontem Nedson começou a comemorar a vitória às 17 horas, quando foram divulgadas as pesquisas de boca-de-urna. ‘‘Tenho que agradecer a Deus a ao povo de Londrina’’, disse, em frente a uma escola da zona norte, onde estava quando soube do resultado de uma pesquisa. Ele foi votar pela manhã e passou o resto do dia percorrendo os locais de votação.
Cerca de uma hora depois, Nedson se encontrou com seu adversário, Barbosa Neto (PDT), nos estúdios da rádio Paiquerê AM. Ele enfatizou a campanha limpa, sem ataques pessoais no segundo turno e prometeu que Londrina vai tomar um novo rumo. ‘‘Vamos fazer um governo participativo’’, afirmou. Na saída da emissora, ele foi recepcionado por dezenas de simpatizantes e militantes.
Em seguida, acompanhado da mulher, Regina Micheleti, e do vice-prefeito eleito Luiz Carlos Bracarense (PPS), o petista foi para UEL, onde foi feita a apuração. ‘‘Londrina tem jeito, Nedson prefeito’’, gritavam as centenas de pessoas que se aglomeravam no local, com bandeiras e adesivos. Ele foi corregado nos braços do estacionamento até a entrada do prédio onde foi feita a apuração.
O petista disse que pretende descansar alguns dias e já começa a se preparar para assumir a administração, em janeiro. Segundo o futuro prefeito, uma das principais preocupações será equilibrar as contas do município – o déficit financeiro gira em torno de R$ 3 milhões. Para isso, ele pretende cortar os cargos comissionados e rever os serviços terceirizados.
‘‘Não vou demitir funcionários concursados e o pessoal da Frente de Trabalho’’, garantiu. Outra prioridade no início do governo, afirmou o prefeito eleito, será implantar uma política voltada à criança.
Questionado sobre os futuros secretários, ele disse que pretende estudar nomes em novembro e apresentar sua equipe em meados de dezembro. ‘‘Queremos pessoas compromissadas com nosso programa de governo e profissinais que tenham relação com a área em que vão atuar’’, ressaltou. ‘‘Não precisam ser necessariamente filiados a partidos.’’
Apesar de ser oposição ao governador Jaime Lerner (PFL), Nedson disse acreditar que não enfrentará problemas de relacionamento. ‘‘A relação política de oposição não pode afetar o relacionamento com a cidade de Londrina’’, observou. Ele informou que em breve pretende conversar com deputados federais e estaduais da região. ‘‘As emendas orçamentárias terão de ser feitas em novembro e vou solicitar que apresentam emendas agora para que os recursos sejam liberados no próximo ano’’, justificou.
Comparando a administração passada do PT (de 93-96, com Luiz Eduardo Cheida), Nedson afirmou que seu futuro governo deve ser mais experiente. Sobre o crescimento do partido no Estado, ele credita este fato a uma ‘‘ação mais crítica do cidadão, que quer mudanças’’.
Além da esposa e de Bracarense, Nedson chegou ao câmpus da UEL acompanhado por vários companheiros de campanha. Entre eles estavam o padre Manoel Joaquim, coordenador de comunicação social da Arquidiocese de Londrina e os vereadores eleitos pelo PT Márcia Lopes e André Vargas.
O juiz eleitoral Dimas Ortêncio de Melo, coordenador da eleição, frisou que pelo menos nos últimos 20 anos Londrina não teve uma eleição tão tranquila. ‘‘Não houve nenhum incidente. Mas já esperava essa tranquilidade, principalmente por causa do compromisso das coligações de não se fazer boca-de-urna’’, avaliou. O novo prefeito saiu da UEL por volta das 20 horas e foi até o prédio da TV Londrina (Rede Bandeirantes), onde concedeu uma entrevista ao vivo. De lá, saiu em carreata pelo centro e vários bairros da cidade.