Imagem ilustrativa da imagem "Não tratamos de informações de segurança",  diz presidente da Tecpar sobre parceria com a Rússia
| Foto: Agência Estadual de Notícias

O Governo do Paraná assinou nesta quarta-feira (12) um memorando de entendimento técnico com o RDIF (Fundo Russo de Investimento Direto) para a produção de uma vacina contra a Covid-19. O encontro, on-line, ocorreu entre o governador Ratinho Jr. (PSD), o embaixador da Rússia no Brasil, Sergei Akopov, e representantes da RDIF, o CEO Kirill Dmitriev. O grupo investidor da pesquisa detém a patente da vacina russa. Após o evento, em entrevista coletiva o diretor presidente do Tecpar (Instituto Tecnológico do Paraná), Jorge Callado, disse que o acordo formalizado agora não trata de compromissos financeiros e ainda deixa aberta a parceria definitiva para o futuro.

O acordo também depende de protocolo pesquisa e validação, que será submetido à Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). Entretanto, a única data que Callado voltou a citar é da expectativa de que a produção no Estado fique para o segundo semestre de 2021. O objetivo do acordo, segundo o governo, é compartilhar experiências e tecnologias e compartilhar orientações técnicas e profissionais relacionadas à vacina. "Temos um caminho longo para regularizar, conversas com equipe, passar por estágio de validação para reais comprovações de fase 1 e 2 . Com essa documentação, vamos elaborar um protocolo de pesquisa que será submetida para teste e pesquisa e Anvisa".

Questionado sobre a segurança colocada em dúvida por parte da comunidade científica internacional e pela própria OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre a vacina, Callado disse que nesta fase a parceria do Tecpar com a Rússia não trata de informações de segurança neste momento. Ele afirmou que esse trabalho será feito por uma força tarefa de cientistas do instituto em parceria com universidades e técnicos do governo que terão essa incumbência de checar as informações. "Independente do estágio e incertezas, as análises nos dirão para chegar em conclusões mais precisas, não podemos nos respaldar em citações."

Segundo o presidente da Tecpar, autoridades dos ministérios da Saúde e Ciência e Tecnologia estão acompanhando as tratativas do Paraná sobre a vacina, chamada Sputnik V. "Para consolidar nossa iniciativa, obviamente teremos que ter apoio dos órgãos federais." ressaltou.

O presidente da Tecpar foi questionado pela FOLHA sobre informações levantadas por deputados estaduais de que o instituto atravessa grave crise orçamentária com deficit de R$ 100 milhões e falta de pessoal. "Falta de pessoal é uma questão que pode ocorrer, mas podemos suprir o quadro com técnicos de universidades, firmar parcerias. Temos 12 doutores (cientistas) no Tecpar. E quanto a produção ela poderá ser terceirizada. O governo do Paraná tem feito investimentos", respondeu na transmissão on line, sem estipular o montante.

OMS SEM INFORMAÇÕES

Para a vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Batista Galvão Simão, não há dados para saber qual fase e qual eficiência da vacina russa. “Estamos em contato com o governo russo para obter informações sobre a eficácia e segurança. Não temos informação do ensaio clínico.”, revelou a médica paranaense que participou nesta quarta da reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná. "Seria excelente notícia, mas faltando dados para a gente dizer isso com segurança.

Falando direto de Genebra (Suíça), Mariângela afirmou que apenas quatro estudos estão a frente das outras em progressão de estudo clínico na fase 3, que é a mais avançada em análise de eficiência. "Tem a vacina de Oxford (Reino Unido), que usa uma plataforma mais conhecida. Tem a Moderna, empresa americana de biotecnologia, que deve ser a mais cara. E temos as duas chinesas em fases 3 e 4." O Governo do Estado também já assinou um termo de cooperação técnica e científica com a China para iniciar a testagem e a produção de vacina da Sinopharm. O acordo garante ao Paraná acesso ao resultado das duas primeiras fases de testagem. Segundo o laboratório, os processos iniciais, já encerrados, tiveram 100% de positivação e nenhuma reação adversa grave.

A médica, que está diretamente envolvida no processo global de busca por medicamento, explica que o órgão visa garantir que todos os países tenham acesso à vacina, quando esta estiver disponível. “Nosso desafio é assegurar isso. Trabalhamos para que pelos menos 20% da população de cada país tenha acesso”, diz. Quando isto ocorrer, explica, as doses deverão ser destinadas primeiramente às fatias da população que correm mais riscos: profissionais de saúde, pessoas com idade acima de 65 anos ou com comorbidades.