Curitiba - Na primeira sessão após a liberação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deputados estaduais do Paraná usaram a tribuna da AL (Assembleia Legislativa) para opinar sobre o caso. A maioria deles criticou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), contra prisão em segunda instância. O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, é dono da maior bancada da Casa.

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. | Foto: Pedro de Oliveira/Alep

"Não se pode brincar com a opinião pública. Em 2016, o ministro Gilmar Mendes alegou que condenados ricos com bons advogados iriam entrar com recursos e nunca seriam presos. Mudaram de opinião com qual interesse? Foi um retrocesso em nosso país. O Brasil não está preocupado em prender corruptos e acabar com a corrupção", disse Ricardo Arruda (PSL).

Soldado Adriano José (PV) citou um boato que circula na Internet, mas é falso, de que Alexandre Nardoni (condenado por matar a filha Isabela), Roger Abdelmassih (médico condenado por abuso sexual) e Odemir dos Santos, chamado de braço-direito do PCC, foram soltos por causa da mesma decisão que liberou Lula. "Essa decisão infelizmente demonstrou que no nosso país o crime compensa", afirmou.

Já o líder do PT, Professor Lemos, destacou o posicionamento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), para quem o Supremo cumpriu seu papel legal, de defender o Estado Democrático de Direito. "Fico com a OAB, que não tem partido e clama pelo cumprimento da Constituição. Se a Constituição não está boa, tem que mudar, e não é a Justiça que pode prender quem quiser, que seleciona para prender. A lei vale para todos os brasileiros".

O presidente do Legislativo, Ademar Traiano (PSDB), falou que, como advogado, sabe que a legislação brasileira só permite prisão depois do trânsito em julgado. "Claro que tem o aspecto político e emocional. No país houve uma comoção em relação à Lava Jato, e aí institui-se a prisão em segundo grau. Mas juristas renomados como nossos ministros decidiram pela Constituição e pela lei".