MP recomenda suspensão de mudança em lei que beneficia escola
Projeto do Executivo em tramitação na Câmara permite construção de unidade escolar privada em área de fundo da vale na Avenida Ayrton Senna
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Projeto do Executivo em tramitação na Câmara permite construção de unidade escolar privada em área de fundo da vale na Avenida Ayrton Senna
Luis Fernando Wiltemburg
O MP (Ministério Público) em Londrina expediu recomendação administrativa para que a Prefeitura suspenda a tramitação de um PL (projeto de lei) na Câmara de Vereadores que permite a construção de um colégio particular na zona sul em área próxima de fundo de vale.
A recomendação também é direcionada aos vereadores, para que rejeitem a aprovação do PL. O documento chegou à prefeitura e à Câmara após a discussão do texto em audiência pública na última quarta-feira (23) e atualmente tramita nas comissões especiais do Legislativo municipal.
O projeto de lei prevê alteração na Lei de Uso e Ocupação do Solo para permitir ao Colégio Adventista a construir uma unidade na Avenida Ayrton Senna, às margens da Rodovia Celso Garcia Cid, próximo a um fundo de vale. Há 41 anos em Londrina, a instituição de ensino está localizada, atualmente, em uma avenida do Jardim Shangri-Lá, na zona oeste.
O texto dá autorização para a construção de um prédio com 12 metros de altura em uma área com verticalização máxima de oito metros. O investimento será de aproximadamente R$ 30 milhões.
Na justificativa do PL, o prefeito Marcelo Belinati (PP) argumenta que a unidade vai atender mais de 1.500 alunos, justificando o interesse social da proposta. Além disso, as medidas pretendidas estariam dentro das regras propostas na revisão do Plano Diretor.
Entretanto, a 20ª Promotoria Pública de Londrina considerou o PL inconstitucional justamente por ser direcionado a uma instituição privada específica, ferindo princípios previstos no Artigo 37 da Constituição Federal – a impessoalidade é um deles.
A Prefeitura de Londrina informou, por meio da assessoria de imprensa, que a recomendação foi recebida e será analisada pela Procuradoria do Município antes de se manifestar.
A assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores informou que a recomendação foi protocolada e que deve ser lida em plenário na quinta-feira (31). Entretanto, por ser de autoria do Executivo, o PL só pode ser retirado de tramitação pelo líder do prefeito Marcelo Belinati (PP), o vereador Eduardo Tominaga (PSD).
Debate da sociedade
O PL foi discutido em audiência pública no dia 23 de agosto, na Câmara de Vereadores. Na ocasião, representantes do CMPGT (Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial) se posicionaram contra a flexibilização da Lei de Uso e Ocupação do Solo para atender a uma única entidade, além de questionar a sugestão de que seria apenas o adiantamento da revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo – parte integrante do Plano Diretor.
Na mesma audiência, o assistente financeiro da Instituição Adventista Sul Brasileira de Educação, Lucas Juliano de Oliveira, afirmou que a mudança nos parâmetros construtivos tem peso sobre a decisão de investimentos em Londrina. “Os recursos que pretendemos trazer para essa cidade poderiam ser alocados para outra”, disse.
O pastor da Igreja Adventista Marcelo Mendes de Melo Moura complementou: “Nós não estamos pedindo para construir um shopping ou uma fábrica, mas uma fábrica de conhecimento. Vamos fazer um andar a mais, mas vamos trazer um benefício tremendo para a cidade.”

