O Ministério Público (MP) de Londrina está investigando a ligação do ex-secretário de Fazenda de Maringá, Luis Antônio Paolicchi, com o empresário-doleiro londrinense Alberto Youssef, preso em Londrina na terça-feira por envolvimento com o escândalo AMA-Comurb. Youssef deve ser ouvido amanhã pelo promotor Cláudio Esteves, da Promotoria de Investigações Criminais (PIC), para que fale justamente sobre as relações com Paolicchi, que também está preso desde anteontem em Maringá. Ele foi capturado em Florianópolis pela Polícia Federal.
Uma auditoria interna realizada na Prefeitura de Maringá constatou que em 1996, Beto Youssef, como o empresário é conhecido, recebeu diversos cheques da prefeitura, apesar de não ter ligações com a administração. Na época teriam sido desviados R$ 4,2 milhões de uma conta da prefeitura na Caixa Econômica Federal. Os cheques eram nominais à Caixa, com pedido de cheque administrativo em favor dos beneficiados.
Youssef figurava entre os três nomes identificados nas cópias dos cheques. Outra indício da ligação de Paolicchi com Youssef é um cheque listado no processo criminal instaurado pela Justiça Federal de Maringá. Na lista de 116 cheques emitidos a várias pessoas e empresas, Youssef aparece como beneficiário de um cheque no valor de R$ 34.872, emitido em 5 de janeiro de 1999.
O cheque saiu da conta de Waldemir Ronaldo Corrêa, servidor municipal e ex-assessor de Paolicchi, considerado seu principal ‘‘laranja’’. A conta, no Banco do Brasil, recebia dinheiro desviado da Prefeitura de Maringá e era movimentada pelo ex-secretário de Fazenda. Há suspeitas ainda que aviões de propriedade de Paolicchi operassem para a empresa de táxi aéreo de Youssef.
Da lista de bens de Paolicchi constam, além de um avião Lear Jet, duas empresas de táxi aéreo. O ex-secretário da Fazenda de Maringá teria acumulado, nos últimos anos, um patrimônio superior a R$ 15 milhões. Ele está com os bens indisponíveis desde outubro, primeiro resultado de uma ação de improbidade administrativa proposta pelo promotor José Aparecido da Cruz. Paolicchi é acusado de ter desviado R$ 3,1 milhões dos cofres públicos. Mas uma auditoria do Tribunal de Contas (TC) descobriu que os desvios na prefeitura são de R$ 20 milhões. O rombo, porém, pode chegar a R$ 100 milhões.
Além de denunciado pelo Ministério Público Estadual por improbidade, Paolicchi é alvo de uma ação criminal proposta pelo Ministério Público Federal por sonegação fiscal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato. Ele é a primeira pessoa presa no caso.
Assim como Paolicchi em Maringá, Youssef é o primeiro suspeito preso do escândalo AMA-Comurb de Londrina. O empresário londrinense é apontado como o responsável por 32 contas fantasmas abertas no Banestado de Londrina, por onde circularam mais de R$ 150 milhões. Segundo denúncia do MP, R$ 120 mil desviados da Autarquia Municipal do Ambiente (AMA) foram depositados na conta aberta em nome da empresa fantasma ‘‘Freitas & Dutra’’, atribuída a Youssef. (Colaborou Patrícia Zanin)