MP identifica depósito em conta de freira
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sábado, 10 de março de 2001
Dimitri do Valle De Maringá
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público identificou um depósito de R$ 46 mil na conta da freira alemã Therezia Maria Huser. O dinheiro teria saído dos cofres da Prefeitura de Maringá, entre 1998 e 99, por intermédio do então secretário da Fazenda do município Luiz Antônio Paolicchi. Therezia trabalha numa missão católica na cidade de Apuí, no sudeste do Estado do Amazonas, na divisa com o Mato Grosso. Ela disse que nunca esteve em Maringá e não soube explicar como o dinheiro foi parar na conta usada para manter os serviços sociais de sua ordem religiosa em Apuí.
Em uma conversa pelo telefone com o promotor José Aparecido Cruz, a freira declarou que o dinheiro foi usado na construção de uma escola para crianças carentes. Quando viu o saldo bancário, Therezia deduziu que seus superiores, na Alemanha, tinham sido os responsáveis pela remessa dos recursos. Ela disse que não sabe de onde veio o dinheiro e confirmou que nunca esteve em Maringá. Sem saber que era da prefeitura, ela usou o dinheiro na construção de um colégio, relatou o promotor.
A promotoria não conseguiu encontrar ainda uma explicação lógica para o depósito na conta da freira. O município equivale ao tamanho do Estado de Sergipe. A extensão territorial chega a 54 mil quilômetros quadrados. A área é ocupada por propriedades onde se exploram a criação de gado, plantações de soja e o turismo. O número de habitantes, segundo o censo 2000, é de apenas 13,8 mil moradores. Coincidentemente, Apuí fica na divisa com o MT, onde Paolicchi tinha duas fazendas.
O caso da freira alemã não teria sido o único. Sem entrar em detalhes, Cruz disse que existem diversas outras operações que terminaram em depósitos para correntistas que nunca estiveram na cidade. Tem muito mais. Informações extra-oficiais dão conta que a promotoria já rastreou o preenchimento de 10 mil cheques da prefeitura no esquema Paolicchi.
Calcula-se que o rombo nos cofres públicos alcance os R$ 100 milhões. Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), mais de 50% deste montante (R$ 54 milhões) teriam sido desviados na gestão de Jairo Gianoto (1997-2001). Na período de seu antecessor, Said Ferreira, os desvios teriam alcançado pelo menos R$ 20 milhões, conforme análise parcial do TCE.
