Ao longo de duas semanas, foram 140 relatos — em média, 10 por dia — enviados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) para denunciar possíveis envolvidos com os atos de vandalismo praticados contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. A iniciativa foi centralizada no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

O canal específico sobre o caso foi aberto em 11 de janeiro. Até a última quarta-feira (25), do total de dados recebidos, o órgão desconsiderou parte deles por conterem informações duplicadas. Outros 37 “não tinham consistência suficiente”, segundo o grupo ligado ao MP. O montante aproveitado de fato faz referência a 71 pessoas contra quem pesam indícios de envolvimento direto e indireto no episódio que culminou da depredação parcial dos prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Os nomes dos denunciados não foram revelados, mas de acordo com o Gaeco, são 24 possíveis participantes ou executores, outros 17 supostos financiadores, além de 29 pessoas que teriam incitado ilegalidades e uma autoridade do estado do Rio de Janeiro que teria se omitido de suas funções durante as ações ilícitas. O material foi encaminhado ao Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, vinculado ao Ministério Público Federal (MPF).

“É possível que várias destas informações já tenham sido também informadas a outros órgãos federais, mas, de qualquer modo, conforme ficou estabelecido, o Ministério Público do Paraná fez a remessa, dado que, no atual momento, há um juízo universal, que é o Supremo Tribunal Federal, quanto aos atos antidemocráticos e correlatos”, disse o coordenador do Gaeco no Paraná, Leonir Batisti.

A FOLHA procurou o MPF no Paraná para saber qual encaminhamento será dado para as denúncias a partir de agora, mas não obteve retorno da assessoria de comunicação do órgão até o fechamento da matéria.

Canal segue aberto

Embora dezenas de informações tenham sido encaminhadas ao MPF, o canal lançado pelo MP continua ativo para receber novos relatos de pessoas possivelmente conectadas com a ação de extremistas na capital federal. Denúncias anônimas são aceitas.

As formas de contato são o e-mail [email protected] e o telefone (41) 3219-5000. Além disso, há como acionar o Gaeco no endereço eletrônico oficial do órgão (site.mppr.mp.br/gaeco), pelo ícone “Denúncia”.

Dino propõe Guarda Nacional

Ainda na esteira dos desdobramentos de 8 de janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, propôs oficialmente nesta quinta-feira (26) a criação de uma nova força policial subordinada ao governo federal para combater situações semelhantes as de Brasília.

A corporação, segundo Dino, substituirá a Força Nacional de Segurança. “Ele [presidente Lula] acha que a Força Nacional, como algo temporário, não cumpre o papel adequado [...] Será uma instituição dedicada à segurança das áreas cívicas, mas poderá atuar em áreas de fronteira, territórios indígenas e unidades de conservação”, declarou o ministro à Agência Brasil.

O intuito do novo aparato de polícia federal, também conforme Flávio Dino, é ser formado por uma corporação civil, mas de caráter ostensivo, com ingresso por concurso público. Atualmente, o contingente da Força Nacional é recrutado de forma episódica a partir de agentes que atuam em diferentes forças de segurança do Brasil. A medida faz parte de um pacote ações jurídicas que será enviado pelo Executivo ao Congresso. (Com informações da Agência Brasil)

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