Brasília - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), seja ouvido pela Polícia Federal no prazo de 48 horas.

Em decisão divulgada nesta quinta-feira (20), Moraes também determinou que sejam identificados todos os militares que aparecem nas imagens divulgadas pela CNN Brasil durante a invasão da sede da Presidência da República e que mostram uma ação suposta colaborativa de agentes com golpistas e a presença de Gonçalves Dias no local.

O ministro pediu demissão do cargo na tarde desta quarta (19) após a divulgação das imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque de 8 de janeiro.

Na gravação, os golpistas receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. Nos vídeos, o próprio general Gonçalves Dias circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.

A queda do comandante do GSI deve tornar inevitável a criação de uma CPI no Congresso sobre os atos golpistas.

Nesta quinta, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse que a divulgação das imagens sobre o 8 de janeiro e a consequente demissão do general Gonçalves Dias do comando do GSI configuram uma "nova situação política".

Segundo ele, o governo do presidente Lula (PT) tem orientado os líderes no Congresso Nacional a apoiarem a instalação de uma CPI para investigar os ataques aos três Poderes para, segundo ele, barrar a propagação de falsas teses sobre os atos golpistas daquele dia.

Padilha disse estranhar que as imagens trazem borrados os rostos dos demais agentes que foram mostrados dentro do Palácio do Planalto, mas que o mesmo tratamento não foi dado ao general.

"Inclusive me estranha muito alguns agentes militares estarem com as imagens borradas nos seus rostos para não serem reconhecidos e o ex-ministro não ter o mesmo tratamento nesse vazamento que foi feito", acrescentou.

Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, porém, o governo divulgou vídeos editados, em particular com trechos que evidenciavam que os militantes eram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, recusou um pedido da Folha de S.Paulo, via Lei de Acesso à Informação, para divulgar a íntegra das gravações.