Cerca de mil pessoas fizeram um protesto ontem em Mariluz ( 35 quilômetros a sudoeste de Umuarama) contra o retorno do prefeito, o padre Adelino Gonçalves (PMDB). Ele é acusado de mandar matar o presidente municipal do PPS, Carlos Alberto de Carvalho, 39 anos, e o vice-prefeito Aires Domingues (PPS), 58 anos, na semana passada. Gonçalves, que se apresentou anteontem no Tribunal de Justiça(TJ), em Curitiba, anunciou que reassumiria ontem a prefeitura, fechada desde segunda-feira. Centenas de moradores passaram o dia em frente ao prédio aguardando o prefeito, mas ele não apareceu.
Os moradores colocaram cartazes e faixas pretas na entrada da prefeitura. Familiares das duas vítimas participaram do protesto. Muitos moradores acreditam que o prefeito é culpado e os eleitores dele se sentem traídos. A Procuradoria Geral de Justiça encaminhou provas contra o prefeito e o pedido de prisão preventiva deve ser julgado hoje.
Segundo a polícia, o Monza utilizado no crime foi comprado em Maringá por um assessor de Gonçalves, Alessandro do Nascimento. A polícia também já teria a cópia de um cheque que Gonçalves teria trocado num agiota para a compra do carro. Outro secretário dele, Élcio Farias, também estaria envolvido. Os dois podem ser presos a qualquer momento.
Gonçalves teria encomendado a morte de Carvalho porque o presidente do PPS estaria preparando um dossiê com denúncias de assédio sexual contra o padre. O vice-prefeito teria morrido porque estava com Carvalho no momento do crime. O prefeito e o PPS romperam em janeiro por causa de desentendimentos envolvendo a distribuição de cargos na prefeitura. O ex-sargento da Polícia Militar José Lucas Gomes está preso e confessou o crime. Ontem, a polícia ouviu a mulher do ex-sargento, Maria Aparecida Gomes.
O delegado do Centro de Operações Especiais (Cope) da Polícia Civil do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, disse ontem que vai processar o advogado de Gomes, Sílvio Guerra. O advogado afirmou que seu cliente foi torturado para apontar o prefeito como mandante do crime. Cartaxo disse que há muitas provas contra Gomes. Segundo o delegado do Cope, Gomes confessou tudo na presença dos promotores Robson Martins e Lígia Camargo Grasso.