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. | Foto: Daliê Felberg/Alep

A mobilização de servidores do Estado, com indicativo de greve, e as declarações negativas do governador Ratinho Junior (PSD) acerca da demanda de reposição salarial durante sua passagem por Londrina, na semana passada, estiveram entre os principais temas discutidos pelos deputados estaduais na sessão plenária da AL (Assembleia Legislativa do Paraná) dessa segunda-feira (24).

Parlamentares do PT defenderam a reposição com base na inflação — posição reforçada por deputados da bancada da bala, que repercutiram no plenário as reivindicações do ato de investigadores e delegados da Polícia Civil realizado mais cedo, em frente ao Palácio Iguaçu. Já outros nomes da base do governo defenderam a explicação do governador sobre a reposição não ser possível por falta de caixa. Uma reunião entre servidores e o governo foi iniciada por volta das 19 horas dessa segunda e ainda não havia sido concluída até a conclusão deste matéria (leia mais sobre as mobilizações dos servidores na página 6).

Manifestaram-se parlamentares como Tadeu Veneri (PT), que disse que o governo poderá enfrentar uma greve “sem precedentes no Paraná”, e o Delegado Jacovós (PR), que cobrou melhores condições de trabalho para policiais civis. Saíram em defesa do governo o deputado Cobra Repórter (PSD), dizendo que “a responsabilidade tem que falar mais alto” do que o populismo, e Ricardo Arruda (PSL), para quem Ratinho Junior “herdou um estado sem dinheiro”.

O líder do governo, Hussein Bakri (PSD), abordou principalmente a disposição da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) pela paralisação a partir desta terça-feira (25).

Bakri disse que os professores optam pela greve antes de a negociação de suas demandas com o governo — que estariam avançando — ser concluída. Na tribuna, o deputado pediu ajuda de “todas as forças políticas” para convencer a APP-Sindicato a não parar, sustentando que o governo está estudando uma proposta para ser levada aos servidores.

“Agora, a partir do momento em que for deflagrada a greve, acabou. Não tem mais discussão, porque a greve é o instrumento último que se adota. A partir do momento em que uma greve está conflagrada, acabou o diálogo. Não se conversa mais”, disse. “É preciso que se tenha muita responsabilidade. Porque, ao fazer greve, se está jogando fora tudo o que foi construído até agora”, declarou. Mais tarde, Bakri participou da reunião com o governo e a APP.

Em entrevista à FOLHA após a sessão, o deputado ressaltou que a atual gestão, aos seis meses, não teve tempo suficiente para apresentar a proposta, e que o governo mantinha diálogo com o FES (Fórum das Entidades Sindicais). Segundo Bakri, ficou acordado que não haveria greve até que o governo apresentasse o projeto.

“O que aconteceu? No outro dia, foi lançada a greve. Então, o governo entende que a greve é o último recurso. A partir do momento em que a greve acontecer, acabou o diálogo. Acabou, não tem mais o que conversar”, repetiu — lembrando que todos os estados da federação enfrentam dificuldades para fazer reajustes. “O governo considera muito radical a medida da greve. Por isso o governo tomou uma decisão: em acontecendo a greve, o governo encerra as negociações”, declarou. “Inclusive, não se discute aquilo que ficou para trás, com boas possibilidades de se resolver, como a hora-aula, hora-atividade e outras questões. Encerra. Greve é radicalismo”, defendeu.

DIÁLOGO

Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato e integrante da coordenação do FES, disse que os servidores não entendem a greve como um instrumento de ruptura do diálogo.

“Pelo contrário. É o espaço que a gente mobiliza para que, de fato, possamos esgotar o debate em busca de uma proposta — que o governo não apresentou até então”, disse à FOLHA, por telefone. “Nós não reconhecemos que haja qualquer necessidade de o governo fazer uma ruptura com os servidores. Seria uma postura autoritária e antidemocrática do governo Ratinho Junior, que sempre foi muito direto na fala de que faria uma gestão governamental pautada no diálogo e no respeito aos servidores. Nós esperamos que isso seja praticado”, disse.