Mito é maior que o fenônemo eleitoral
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sábado, 20 de maio de 2000
Pela avaliação popular, Antônio Belinati, de 57 anos, ainda é um mito político, um fenômeno eleitoral de Londrina. Tanto que, apesar do escândalo e da corrupção na prefeitura, parte dos moradores, principalmente na periferia, não só afirma que voltaria a votar nele como também acredita na vitória dele. Mas, ao longo dos anos, a realidade das urnas mostra uma situação bastante diferente. Belinati já foi um fenômeno eleitoral, no início de sua carreira, principalmente quando pertencia aos quadros do MDB.
Ele foi campeão de votos para vereador em 68, para deputado estadual em 70, e obteve 150 mil votos para deputado federal em 74, sendo o quarto mais votado do Brasil. Dois anos depois, Belinati foi eleito prefeito de Londrina. Ele fez 36.356 votos, 3.202 votos a mais do que os três candidatos da Arena Neco Garcia, Mário Stamm e Pedro Vasconcelos e mais de 10 mil votos que Wilson Moreira, o segundo colocado, que contava com o apoio do então prefeito José Richa.
Aos 33 anos, Belinati assumiu a prefeitura como um fenômeno eleitoral. Seu projeto pessoal era disputar a sucessão de Ney Braga. Como tinha, dentro do MDB, outros nomes de peso como José Richa, ele trocou, em 80, o MDB pelo PDS. Este é considerado o seu maior erro político. Ney Braga, que tanto trabalhara para Belinati se filiar ao PDS, apoiou Saul Raiz para governador. Ele ficou sem espaço dentro do PDS e Richa ganhou como governador. A decadência política de Belinati foi grande que, ao invés de concorrer ao Palácio Iguaçu, em 82, acabou disputando uma vaga na Assembléia Legislativa. E o pior: ficou apenas como o primeiro suplente com pouco mais de 21 mil votos.
O grande retorno de Belinati ao cenário político ocorreu nas eleições municipais de 88. Ele voltou a ganhar a disputa, mas o resultado das urnas foi um verdadeiro castigo para o ex-campeão de votos. Afinal, concorrendo pelo PDT, ele derrotou José Tavares, do PMDB, por uma diferença de apenas 788 votos. Tavares chegou a ser anunciado como prefeito na véspera. A virada aconteceu justamente quando começaram a ser apuradas as urnas dos Cinco Conjuntos. Daí em diante a região confirmou-se como principal reduto de votos de Belinati. Novamente ele tentou alçar vôo em direção ao Palácio Iguaçu. Chegou a fustigar Jaime Lerner, que também era do PDT, mas o máximo que conseguiu foi emplacar a mulher, Emília Belinati, como vice.
Como ex-prefeito de Londrina por duas vezes, Belinati deveria vencer o deputado Luiz Carlos Hauly, na disputa pela prefeitura, em 96, por uma esmagadora diferença. Mas foram apenas 11 mil votos de vantagem, num universo eleitoral de 211.760 mil eleitores, o que não pode ser considerado uma goleada. Os números das vitórias sobre Tavares e Hauly provam que Belinati deixou de ser um campeão de votos. Agora, envolvido com os escândalos na prefeitura e correndo o risco de cassação, certamente ficará mais reduzido o reduto eleitoral de Belinati. E o seu projeto de disputar o governo, praticamente impossível, segundo analistas. (E.A.)