Ministros petistas põem cargo à disposição
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005
Folhapress
Brasília - Em reunião anteontem com o presidente do PT, José Genoino, os ministros petistas colocaram o cargo à disposição para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se sinta livre na reforma do primeiro escalão para incluir mais aliados no governo. O recado foi transmitido a Lula por Genoino ainda ontem. O PT tem 19 ministros - 18 estavam na reunião, só faltando Nilmário Miranda (Direitos Humanos).
No encontro, das 21h30 à meia-noite na sede do PT, em Brasília, avaliou-se que a derrota na Câmara na semana passada foi o resultado de uma sequência de erros do governo e do PT e que, na prática, acendeu o sinal amarelo em relação à chance de reeleição de Lula.
Ontem, Genoino disse à reportagem que disse que o partido ''vai facilitar tudo o que presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) precisar'' em relação à reforma ministerial e à eventual candidatura à reeleição em outubro do ano que vem. ''A eleição de 2006 foi antecipada pela oposição. Já está aí'', afirmou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) disse que situação do PT e do governo após a derrota na Câmara é ''de mar revolto''.
Genoino e José Dirceu (Casa Civil) apontaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como o ''agitador'' do ''mar revolto'' de Gushiken. Tais declarações foram relatadas à reportagem por ministros. ''Está ocorrendo de novo uma desleal campanha anti-PT'', afirmou Genoino, no contexto da derrota de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para Severino Cavalcanti (PP-PE) na eleição para a presidência da Câmara, na semana passada.
Se depender da maioria dos presentes, a oposição receberá tratamento mais duro do governo e do PT de agora em diante. Para eles, FHC foi o mentor nos bastidores da decisão da maioria de PSDB e PFL de imolar Greenhalgh. Houve relato de que o tucano conversou diversas vezes por telefone com Severino nos dias que antecederam a derrota petista.
Para a maioria dos petistas, a derrota do PT e do governo na Câmara, ao acender o sinal amarelo a respeito da reeleição de Lula, aumentou o grau de dificuldade que será enfrentado pelo PT nas eleições de 2006. Decisão: agir pragmaticamente em relação aos aliados e à oposição. O primeiro passo será ''facilitar'', como disse Genoino, o processo de troca de mudanças no primeiro escalão. O PT terá de ceder espaço a aliados, mas muitos ministros fazem lobby para permanecer no cargo, estreitando a margem de manobra de Lula.
No que se refere a outubro de 2006, quando haverá eleições para presidente, governos dos Estados, um terço dos 81 senadores, deputados federais e deputados estaduais, ficou decidido que Genoino vai elaborar um mapa das possíveis alianças nos Estados e que o PT precisará ser generoso com os demais partidos.