O Ministério Público do Paraná pediu à Justiça o arquivamento do inquérito policial aberto para investigar o episódio que ficou marcado pelo soco do então vereador Amauri Cardoso (PSDB) no rosto do deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta (Pros), há mais de dois anos em Londrina. Na manifestação, assinada pela promotora da 18ª Promotoria de Justiça, Luciana Zuan Esteves, na semana passada, o MP reconheceu que Cardoso agiu em legítima defesa de sua honra e apenas no sentido de afastar o risco de sofrer um dano maior. Ao mesmo tempo, outras ações penais sobre o mesmo fato ainda estão sendo analisadas pela Justiça.

Imagem ilustrativa da imagem Ministério Público aponta que soco de Amauri Cardoso em Boca Aberta foi em legítima defesa
| Foto: Devanir Parra/CML

A discussão entre Amauri Cardoso e Emerson Petriv ocorreu quando Cardoso deixava sozinho a 14ª Conferência Municipal de Saúde, em março de 2019. Na ocasião, Petriv estava acompanhado de pelo menos três assessores e passou a perseguir Cardoso nos arredores da universidade onde o evento era realizado, na avenida Juscelino Kubistchek (centro). Cardoso desferiu o golpe após o deputado ter se aproximado por trás, conforme mostram imagens divulgadas à época. Em seguida, Boca Aberta precisou ser internado e teve que realizar uma cirurgia no nariz e em outros ossos da face por conta de uma série de lesões.

Para Marcos Prochet, defesa de Cardoso, a manifestação do MP corrobora a tese apresentada de que o golpe foi dado para “cessar a injusta agressão atual que estava sofrendo e a que estava próximo de sofrer”, explicou. “Posteriormente, ainda assim, Emerson Petriv o agrediu, o xingou e cuspiu em Amauri. Veja que nem este golpe foi suficiente para garantir a sua integridade. Ele usou dos meios necessários e sem exageros”, avaliou.

A reportagem não conseguiu apurar até o fechamento desta edição se o juízo da 5ª Vara Criminal de Londrina já decidiu pelo arquivamento do inquérito ou de forma contrário ao pedido do MP.

Procurado pela FOLHA, o deputado federal Boca Aberta afirmou que vê com naturalidade o que julga ser uma “perseguição” emplacada pela promotora Luciana Zuan Esteves e avaliou que é vítima de uma “ditadura” do Poder Judiciário. “Se eu tivesse dado um murro na cara do Amauri Cardoso fatalmente eu estaria preso neste momento. Sofro discriminação e preconceito por parte dela e estamos tomando providências contra ela”, afirmou o deputado.

Já a promotora disse que o pedido de arquivamento foi embasado nos "elementos de prova coligidos no inquérito policial, apresentando os devidos fundamentos", e que a alegação de "perseguição" por parte do deputado é antiga. Ainda de acordo com ela, um pedido de suspeição já havia sido feito por Boca Aberta no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Porém, "nada foi procedente", afirmou à FOLHA.