Quanto mais se aproximam as eleições de 2024, maior a quantidade de possíveis candidatos a prefeito de Londrina. Em uma conta preliminar, a lista já supera facilmente os dois dígitos. Entre os postulantes que se articulam para conquistar espaço na urna está o ex-comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar (PM) da cidade, coronel Nelson Villa Junior.

Em período de férias da corporação (hoje ele atua em Curitiba como diretor de Desenvolvimento, Tecnologia e Qualidade), Villa disse em entrevista exclusiva à FOLHA na última semana que procura emplacar um perfil “outsider” da política para um eventual ingresso no pleito.

“DIREITA, MAS NÃO RADICAL”

“Venho de uma família humilde, não pertenço a nenhum clã [político] [...] Sou de centro-direita, uma pessoa conservadora, mas não radical. Não gosto de polarizações, extremismos”, afirmou o oficial. Prestes a se aposentar, o ex-titular do maior batalhão da PM em Londrina está impedido legalmente de se filiar a um partido político. Quando puder, o destino será o PSDB. Segundo Villa, uma aliança com o PT – como se tem comentado em nível estadual por lideranças petistas como o presidente da sigla no Paraná, Arilson Chiorato – é algo fora de cogitação para os quadros tucanos locais.

“Digo resolutamente que não procede essa informação. A orientação do partido vai no sentido inverso. O PSDB não vai se associar em momento nenhum com o PT justamente porque o PT está enviesado para a esquerda e a nossa proposta é de centro-direita.”

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INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

Para o coronel, o prefeito Marcelo Belinati (PP) “vem fazendo um bom trabalho, mas muitas coisas podem melhorar.” Ele defendeu mais fomento à cultura, ampliação da prática esportiva e atração de indústrias, já que, na sua visão, “não adianta ter grandes obras na cidade se você não faz o básico.”

Além disso, o policial quer a reformulação das políticas municipais voltadas aos moradores em situação de rua. “Precisamos criar um fluxo para tratar dessas pessoas. Por exemplo, a pessoa praticou um furto, é dependente química. Ela vai ser ouvida em audiência de custódia. Se for constatado tecnicamente que é dependente química, ela deve passar efetivamente pelo tratamento e, eventualmente, a depender do caso, ser submetida a uma internação compulsória, porque pior do que internar compulsoriamente é largá-la à própria sorte.”

POLÊMICA EM TRANSFERÊNCIA

O “projeto prefeitura” de Villa começou no segundo semestre de 2022 por conta de, nas palavras dele, uma “comoção social” em torno de seu nome em razão de uma possível transferência “a contragosto” do 5º BPM, então comandado pelo oficial.

De acordo com o militar, a motivação da mudança não era técnica, mas política, e, por isso, ele alegou ter pedido autorização superior para “se articular” por sua permanência. “Percebi que era mais querido pela sociedade do que eu mesmo imaginava.”

A transferência, contudo, acabou ocorrendo há cerca de dois meses, em agosto de 2023 – pela mesma “interferência política perniciosa”, conforme Villa. Embora não tenha dito explicitamente quem teria sido o deputado da região responsável pela suposta intervenção, gerou grande repercussão uma transmissão ao vivo feita à época pelo coronel para explicitar seu descontentamento por sair da região de Londrina.

Durante a entrevista à FOLHA, a identidade do parlamentar permaneceu sem ser revelada pelo eventual candidato, que agora trabalha para voltar em definitivo para a cidade em 2024 – mas na condição de político. “Ainda sou um militar da ativa, tenho que agir segundo hierarquia e disciplina. Estou trabalhando em Curitiba, mas não tiro o pé de Londrina, todo fim de semana estou aqui.”