O candidato do PSL ao governo do Paraná, Ogier Buchi, mudou de partido para corrida eleitoral deste ano para contar com apoio do candidato à presidência, Jair Bolsonaro. Mas em agosto, após encerramento das convenções partidárias, o presidenciável declarou apoio ao candidato Ratinho Junior (PSD). Mesmo sem a bênção do líder nas pesquisas no cenário nacional, Buchi defende a candidatura como a única com o mesmo "DNA" de bandeiras defendidas por Bolsonaro.

Bucchi evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugamento da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal com pagamento da folha
Bucchi evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugamento da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal com pagamento da folha | Foto: Saulo Ohara/29-06-2018



Na entrevista a seguir, a quinta da série de sabatinas da FOLHA com os candidatos ao governo do Paraná, Buchi também refutou críticas de que a candidatura seria "laranja". Ou seja, de que com "poucas chances" de vencer a eleição, serviria apenas para servir às candidaturas mais "fortes". Ele foi acusado por adversários em 2014 de ter lançado a candidatura apenas para atacar opositores do então candidato a reeleição Beto Richa (PSDB) e no ano seguinte foi nomeado conselheiro do BRDE (Banco Regional Desenvolvimento do Extremo Sul). Neste ano, ele chegou a ser nomeado como diretor do mesmo banco pela governadora Cida Borghetti (PP), mas o pedido foi retirado antes por conta da candidatura.

Buchi defende a privatização dos presídios, das estatais paranaenses e quer universidades públicas voltadas para resultados. Ele prega bandeiras da extrema direita como "Escola sem Partido", se diz "conservador nos costumes e liberal na economia", mas ressalta que não é contra os grupos minoritários. "Isso não significa que eu seja homofóbico ou defenda perseguição a grupos de menor representatividade, chefe de Estado é chefe de Estado, de um e de todos os paranaenses. Terá em mim um líder capaz de construir soluções e dignidade".



O candidato também deixou uma mensagem aos leitores da FOLHA:

Fidelidade partidária O candidato foi questionado sobre a postura do PSL nacional, que o abandonou na corrida eleitoral. Para Buchi, o fato atrapalha, mas não impede a candidatura. "Se outras pessoas não entenderam que não é mais o tempo da velha e repulsiva política de acordos e conchavos e da 'dita' governabilidade problema é delas. Eu tenho coerência, eu quero apoiar meu partido, o meu candidato (Bolsonaro) e as minhas ideias. Se existe coerência, essa coerência é minha. Eu espero que no decorrer deste período haja uma correção de rumo. O meu partido me procurou para ser candidato, foi realizada a convenção partidária e 10 dias depois entendeu que deveria mudar sua postura. Eu aceitei um convite e tenho responsabilidade. De repente alguém me diz que não é mais conveniente sua candidatura. Não enxergo política como conveniência. Conveniência não é componente para conduta de homem público e é essa política que queremos 'espancar'." Candidatura 'laranja' Questionado sobre sua candidatura servir de escada para outras candidatos, Buchi desabafou. "Eu vejo como uma oportunidade de responder essas pessoas. Toda vez que uma pessoa em um pequeno partido tem a coragem de lançar seu nome vêm os covardes e resolvem grudar um papel carbono na pessoa, sabe? E fica fácil dizer que tem uma candidatura 'laranja'. Eu lastimo pela pequenez mental dessas pessoas. Quando alguém tem a coragem para mudar, normalmente sofre o enxovalho dos covardes. Eu já tinha uma grande nomeação. Eu já era indicado para um grande cargo e eu declinei disso. Como posso ser laranja de alguém? Se eu defendo um conteúdo completamente diferente deles. Até quando Catilina? (fez menção a série célebres de discursos do cônsul romano Marco Túlio Cícero contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Catilina). Eu vou ter que aguentar jornalista burro, mal informado me tipificando como laranja? Desculpe o meu desabafo, mas é cansativo isso. Eu não preciso ser laranja de ninguém, eu sou um advogado bem sucedido."
Imagem ilustrativa da imagem Mesmo sem apoio de Bolsonaro, Buchi quer 'espancar' velha política



Superlotação carcerária
Segundo Buchi, o Paraná tem uma carência de 20 presídios. Ou seja, nos cálculos do candidato seria preciso construir dez presídios e dez casas de detenção para atender a demanda. Para isso, pretende privatizar o setor. "Casa de detenção é para triagem e envio do preso após condenado à penitenciária. Eu vou resolver a situação da superlotação carcerária. Não é uma postura pretensiosa, quando digo eu, digo eu chefe do Estado. A lei exige certas normas, mas não proíbe a privatização. Preso comigo vai trabalhar. Deus me livre deixar esses presos nestes calabouços medievais. Eles não ressocializam e viram reféns das facções criminosas. Prisão privatizada, decente e buscar a ressocialização", elencou.

Universidade estaduais
O candidato disse que pretende investir mais em pesquisa nas sete universidades estaduais do Paraná. "Temos um custo com pessoal elevadíssimo. Quando chegou no Meta 4, o governo entrou no embate com as universidades. Cabe ao chefe do Estado, exercer liderança e conduzir o diálogo. Eu sei que é difícil negociar e retroagir benefícios. Precisamos reconsiderar a visão do Estado com as universidades e reencontrar um caminho. É uma máquina cara que tem que dar resultados."

Estatais
"Todas as que eu puder, eu privatizarei. Função do Estado não é competir no mercado. É tratar de política pública, não implica em participação em mercado. Políticas preferencialmente saúde, educação, segurança pública. Estado mínimo é o mais forte."

Pedágio
As seis empresas que estão no estado desde 1997 devem devolver o controle das rodovias federais em 2021, quando vencem os contratos firmados no governo Jaime Lerner. Questionado, sobre o modelo que vislumbra, Buchi pretende priorizar a transparência, mas não detalhou o plano. "Eu quero um modelo honesto é só isso. Eu não quero inventar a roda, apenas quero um contrato em que qualquer cidadão possa ler e entender. Um contrato de compromisso, como combinamos nesta entrevista um local e horário. Isso é respeito mútuo. A prestação de serviço é isso. Todos nós queremos mudar o pedágio. Quando eu propuser o novo modelo, eu vou propor com seis meses de antecedência."

Reajuste dos servidores
O candidato evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugamento da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal com pagamento da folha. "Por um lado você tem direitos (dos servidores), por outro lado você tem deveres e ainda existem compromissos no orçamento do Estado. A máquina pública precisa ser enxugada ou daqui alguns anos vamos viver dilemas como vivem os estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Acontece que as pessoas vivem dez anos a mais. Esse gasto com previdência é legal, problemático e elevadíssimo. Temos aumentos constitucionais. Como é que enxuga despesas? Gerenciando o orçamento básico, é a conta do padeiro. Isso vale para o Estado. Tenho que oferecer opções, ou diminuir custos ou aumentar receitas."

Vocações regionais
O candidato prometeu fortalecer as características de cada uma das regiões do Estado. Pretende investir no potencial turístico do Paraná como litoral e Foz de Iguaçu. Citou regiões como a de Arapongas, polo moveleiro da região. "Quando você senta na cadeira de governador você tem que acordar e pensar todos os dias: 'eu sou governador de 399 municípios'."