Mesmo sem apoio de Bolsonaro, Buchi quer 'espancar' velha política
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segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Guilherme Marconi <br> Reportagem Local
O candidato do PSL ao governo do Paraná, Ogier Buchi, mudou de partido para corrida eleitoral deste ano para contar com apoio do candidato à presidência, Jair Bolsonaro. Mas em agosto, após encerramento das convenções partidárias, o presidenciável declarou apoio ao candidato Ratinho Junior (PSD). Mesmo sem a bênção do líder nas pesquisas no cenário nacional, Buchi defende a candidatura como a única com o mesmo "DNA" de bandeiras defendidas por Bolsonaro.

Na entrevista a seguir, a quinta da série de sabatinas da FOLHA com os candidatos ao governo do Paraná, Buchi também refutou críticas de que a candidatura seria "laranja". Ou seja, de que com "poucas chances" de vencer a eleição, serviria apenas para servir às candidaturas mais "fortes". Ele foi acusado por adversários em 2014 de ter lançado a candidatura apenas para atacar opositores do então candidato a reeleição Beto Richa (PSDB) e no ano seguinte foi nomeado conselheiro do BRDE (Banco Regional Desenvolvimento do Extremo Sul). Neste ano, ele chegou a ser nomeado como diretor do mesmo banco pela governadora Cida Borghetti (PP), mas o pedido foi retirado antes por conta da candidatura.
Buchi defende a privatização dos presídios, das estatais paranaenses e quer universidades públicas voltadas para resultados. Ele prega bandeiras da extrema direita como "Escola sem Partido", se diz "conservador nos costumes e liberal na economia", mas ressalta que não é contra os grupos minoritários. "Isso não significa que eu seja homofóbico ou defenda perseguição a grupos de menor representatividade, chefe de Estado é chefe de Estado, de um e de todos os paranaenses. Terá em mim um líder capaz de construir soluções e dignidade".
O candidato também deixou uma mensagem aos leitores da FOLHA:

Superlotação carcerária
Segundo Buchi, o Paraná tem uma carência de 20 presídios. Ou seja, nos cálculos do candidato seria preciso construir dez presídios e dez casas de detenção para atender a demanda. Para isso, pretende privatizar o setor. "Casa de detenção é para triagem e envio do preso após condenado à penitenciária. Eu vou resolver a situação da superlotação carcerária. Não é uma postura pretensiosa, quando digo eu, digo eu chefe do Estado. A lei exige certas normas, mas não proíbe a privatização. Preso comigo vai trabalhar. Deus me livre deixar esses presos nestes calabouços medievais. Eles não ressocializam e viram reféns das facções criminosas. Prisão privatizada, decente e buscar a ressocialização", elencou.
Universidade estaduais
O candidato disse que pretende investir mais em pesquisa nas sete universidades estaduais do Paraná. "Temos um custo com pessoal elevadíssimo. Quando chegou no Meta 4, o governo entrou no embate com as universidades. Cabe ao chefe do Estado, exercer liderança e conduzir o diálogo. Eu sei que é difícil negociar e retroagir benefícios. Precisamos reconsiderar a visão do Estado com as universidades e reencontrar um caminho. É uma máquina cara que tem que dar resultados."
Estatais
"Todas as que eu puder, eu privatizarei. Função do Estado não é competir no mercado. É tratar de política pública, não implica em participação em mercado. Políticas preferencialmente saúde, educação, segurança pública. Estado mínimo é o mais forte."
Pedágio
As seis empresas que estão no estado desde 1997 devem devolver o controle das rodovias federais em 2021, quando vencem os contratos firmados no governo Jaime Lerner. Questionado, sobre o modelo que vislumbra, Buchi pretende priorizar a transparência, mas não detalhou o plano. "Eu quero um modelo honesto é só isso. Eu não quero inventar a roda, apenas quero um contrato em que qualquer cidadão possa ler e entender. Um contrato de compromisso, como combinamos nesta entrevista um local e horário. Isso é respeito mútuo. A prestação de serviço é isso. Todos nós queremos mudar o pedágio. Quando eu propuser o novo modelo, eu vou propor com seis meses de antecedência."
Reajuste dos servidores
O candidato evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugamento da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal com pagamento da folha. "Por um lado você tem direitos (dos servidores), por outro lado você tem deveres e ainda existem compromissos no orçamento do Estado. A máquina pública precisa ser enxugada ou daqui alguns anos vamos viver dilemas como vivem os estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Acontece que as pessoas vivem dez anos a mais. Esse gasto com previdência é legal, problemático e elevadíssimo. Temos aumentos constitucionais. Como é que enxuga despesas? Gerenciando o orçamento básico, é a conta do padeiro. Isso vale para o Estado. Tenho que oferecer opções, ou diminuir custos ou aumentar receitas."
Vocações regionais
O candidato prometeu fortalecer as características de cada uma das regiões do Estado. Pretende investir no potencial turístico do Paraná como litoral e Foz de Iguaçu. Citou regiões como a de Arapongas, polo moveleiro da região. "Quando você senta na cadeira de governador você tem que acordar e pensar todos os dias: 'eu sou governador de 399 municípios'."

