A pandemia do coronavírus fez com que a defesa do ex-vereador Orlando Bonilha enviasse à Justiça um pedido para que ele cumprisse a pena de mais de 20 anos em prisão domiciliar, mas o juiz da Vara de Execuções Penais, Katsujo Nakadomari, manteve o réu na unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2), na zona sul. A decisão é do último dia 14 de abril.

Imagem ilustrativa da imagem Mesmo no grupo de risco da Covid-19, Orlando Bonilha não poderá cumprir pena em casa
| Foto: Arquivo FOLHA

Bonilha está detido há quase um ano. Ele era procurado desde que o Judiciário unificou os seis processos criminais, como o que o ex-político teria ficado com parte de salários de assessores e também um outro em que teria recebido propina de um empresário para aprovar a doação de um terreno. Foi preso por uma equipe da Polícia Militar no conjunto Violin, na zona norte, e não esboçou resistência.

Segundo o advogado Ronaldo Neves, o ex-presidente da Câmara Municipal tem diabetes, o que o coloca no grupo de risco da Covid-19. Porém, para o juiz, "ele encontra-se estável, fazendo uso de medicação adequada e sem demais intercorrências. A condenação é expressiva, com previsão de progressão de regime somente para o ano de 2022. Do contrário, além da grave situação de saúde enfrentada pelo país, corre-se o risco de produzir, ainda, grande instabilidade à segurança e ordem pública".

Sobre a doença, Katsujo Nakadomari afirmou que "todas as providências já tem sido adotadas pelos presídios de Londrina, sendo que não há qualquer caso de coronavírus confirmado dentro do sistema penitenciário da cidade. Essas unidades contam com alas próprias para isolamento de eventuais detentos afetados, inclusive com encaminhamento para internação hospitalar".

Procurado pela FOLHA, o advogado de defesa disse "que ainda não tinha lido o despacho", mas mostrou-se "decepcionado". Ele comparou a situação do seu cliente com o caso de Valacir de Alencar, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraná, que recebeu o benefício de cumprir pena em casa, mas quebrou a tornozeleira eletrônica e fugiu.

"Eu não entendo essa lógica. Um sujeito que faz delação, que contribui, preenche todos os requisitos para o semiaberto e não goza desse benefício, então só posso dizer que estou profundamente decepcionado. Do outro lado, um chefe de uma facção criminosa que é beneficiado. Desanima porque não espero um comportamento do Judiciário a alguém que efetivamente tenha feito uma limpeza ética na Câmara. Nenhum daqueles vereadores está na mesma condição dele (Bonilha)", disse o advogado.

Ronaldo Neves explicou que a junção das penas "não é justa e nem correta". Além disso, elencou outros motivos para pedir a prisão domiciliar. "Ele é pai de trigêmeos, inclusive um que está em estado grave de saúde. A família está passando por necessidades. O Bonilha é diabético, hipertenso e não tem problemas na cadeia, absolutamente nada que o complique. Vamos questionar essa decisão em instâncias superiores", concluiu.

Orlando Bonilha foi o primeiro vereador cassado da história de Londrina. Na época, ele ganhou destaque ao dizer que "não era a única batata podre do Legislativo".