O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, indicou pela segunda vez nesta semana que avalia ser candidato à sucessão presidencial no ano que vem. Em entrevista à revista Veja, o ministro, ao ser questionado se tinha consciência de que é um presidenciável, respondeu positivamente. "Sim, sou presidenciável", disse Meirelles, conforme publicado no site da revista nesta quinta-feira (2).

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participa do seminário Os caminhos para a reforma da Previdência, no Hotel Golden Tulip, evento promovido pelo jornal Valor Econômico
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participa do seminário Os caminhos para a reforma da Previdência, no Hotel Golden Tulip, evento promovido pelo jornal Valor Econômico | Foto: José Cruz/Agência Brasil



"As pessoas falam comigo, me procuram, mas ninguém me cobra uma definição. No mundo político, por exemplo, dizem o seguinte: o senhor tem o meu apoio, estou torcendo para isso. Tenho por característica pessoal ser bem pé no chão. Dificilmente vou fazer alguma coisa baseado no entusiasmo", afirmou o ministro à revista.

A assessoria de imprensa de Meirelles ponderou que ele se referia ao fato de ter consciência de que seria um presidenciável. "O ministro disse que sim porque muitas pessoas o procuram e dizem que o apoiam ou que consideram que ele poderia concorrer", informou a assessoria por meio de nota.

Meirelles também disse considerar que o cenário político é "favorável, sim" a um candidato com o perfil dele. "Favorável para o que eu chamo de um candidato reformista no sentido de alguém que toque as reformas e a modernização da economia brasileira como está ocorrendo."

Perguntado na entrevista se seria candidato, Meirelles afirmou que essa é uma questão de "oportunidade e destino" e que prefere enxergá-la com "realismo". "Eu acredito que o País vai, de fato, estar bem na situação econômica, mas existem condições políticas e condições eleitorais que precisam ser analisadas." Ele argumentou que ser candidato "tem grandes custos - e grandes benefícios - para todos". "Vou ter que deixar o ministério e deixar o trabalho ainda por um período de decolagem da economia e entrar em um processo que é outra história."

Meirelles já foi alçado ao posto de candidato outras vezes. Em setembro, o presidente nacional do PSD, ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), disse a interlocutores que o ministro pediu que sua candidatura seja avaliada no ano que vem, caso se reforcem os sinais de recuperação da economia, sobretudo, a queda do desemprego. Em outra ocasião, em um almoço recente com a bancada do partido na Câmara, Meirelles ouviu declarações de apoio a uma eventual candidatura.

Na segunda-feira (30) Meirelles também deu sinais dúbios sobre seu futuro político. Durante um evento em São Paulo, primeiro disse que considerava interessante a possibilidade de ser candidato a vice-presidente da República. Depois da repercussão, ele disse que fizera uma "mera brincadeira" e negou ter interesse em concorrer ao cargo caso seja convidado para compor uma chapa em 2018.

À revista, ele lembrou que foi convidado a ser vice pelo tucano Aécio Neves (MG), em 2014, e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, para a chapa de Dilma Rousseff. Em ambos os casos, rejeitou. Meirelles disse ainda que ficou sabendo pelos jornais dos crimes de corrupção confessados pelos irmãos Joesley e Wesley Batista: "Foi uma surpresa. Eles não me contavam isso".

"Não serei candidato a vice em nenhuma hipótese"
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira (3) em entrevista a Rádio Gaúcha que não é pré-candidato à presidência da República. "Tomo decisões na hora certa", disse ele ao ser perguntado sobre seus planos para as eleições de 2018. O ministro, porém, descartou a possibilidade de concorrer como vice-presidente.

"Não serei candidato a vice-presidente em nenhuma hipótese", afirmou o ministro. Sobre uma eventual candidatura em 2018, Meirelles ressaltou que o prazo legal para quem ocupa cargo no governo se descompatibilizar da função é 31 de março de 2018. "Este é o tempo de decisão para todos os ministros", disse ele.

Meirelles reiterou na entrevista que sua "atenção, foco e determinação" neste momento é o Ministério da Fazenda e trabalhar para que a economia se recupere. "Eu tenho consciência que existe espaço importante na política brasileira, para quem defende as reformas e a modernização", disse ele, ressaltando que muitas pessoas têm a expectativa de um candidato à presidência que tenha essa experiência.

"Não tomo decisões por antecipação, como tem sido prática na minha carreira", disse ele ao ser perguntado sobre qual seria sua decisão quando chegar o prazo para a descompatibilização. "A decisão tem que ser tomada na hora certa. Minha decisão no momento é ser um bom ministro da Fazenda."

O ministro ressaltou que é prematuro agora falar sobre uma decisão que deve ser tomada em março que afirmou que "não gasta tempo pensando em possibilidades". Decisão por antecipação, afirmou ele, geralmente acaba sendo uma perda de tempo.

Meirelles ressaltou que em março, se o Brasil estiver crescendo e gerando emprego, ele estará cumprindo sua missão. "O que me importa são pessoas sendo impactadas pela recuperação da economia."