Marinho propõe reduzir repasses às universidades estaduais
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quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Mariana Franco Ramos - Reportagem Local
Curitiba - Terceiro entrevistado da série de sabatinas da FOLHA com os postulantes ao Palácio Iguaçu, Geonísio Marinho (PRTB) se coloca como representante da direita conservadora. Entre suas bandeiras estão a proibição das discussões sobre gênero e diversidade nas escolas, o corte de gastos em todas as áreas da administração pública, englobando as universidades estaduais, e a defesa da privatização dos presídios. Seu partido, o PRTB, que costumava lançar Levy Fidelix, autor do famoso projeto do aerotrem, à Presidência da República, desta vez se aliou ao PSL de Jair Bolsonaro (PSL). O vice da chapa é o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB).

O candidato afirma que o "inconformismo" o levou a tentar o Palácio Iguaçu mais uma vez. "Inconformado com o estado de coisas que estamos vivendo, com essa 'agenda esquerdista' que está tomando conta e toda ela aparelhada no governo do Estado, no governo federal, eu não poderia, como pai, como avô, me omitir de tentar lutar contra todos os desmandos impostos nas escolas, na nossa vida cotidiana", afirmou. Questionado sobre que agenda seria essa, citou a "imposição da ideologia de gênero nas escolas". "O [programa] Escola sem Partido somos totalmente a favor. Os professores têm que ensinar todas as correntes de pensamento, e não direcionar para um tipo de conduta, uma forma de governo que apenas interessa à esquerda".
Para Marinho, o Brasil adotou o modelo gramscista [termo que se refere ao filósofo Antonio Gramsci]. "Fico preocupado. Não podemos deixar que o professor queira ensinar para as nossas crianças aquilo que nossas famílias não querem", opinou. "Com governo forte, conseguindo eleger deputados estaduais do nosso PRTB, podemos fazer a mudança e, junto dos demais Estados, fazer que o governo federal e o Congresso Nacional aprovem medidas que tragam uma esperança de uma nova nação; não essa cubanização, a Venezuela do jeito que está. Estamos vivendo uma desorganização moral e cívica, diferente do que aprendemos na nossa época,
que era educação moral e cívica".
O candidato também deixou uma mensagem aos leitores da FOLHA:

DATA-BASE DOS SERVIDORES
"Não sei quanto poderemos estar dando de aumento, até porque esse ajuste fiscal feito no Paraná foi para tapar buracos. Estamos pagando alta carga tributária. Mas se elegermos os deputados do nosso partido, consigo cortar pelo menos 30 a 50% desses cargos. Esse dinheiro economizado será aplicado em investimentos e, quem sabe, até na data-base. Não vou pedir votos com mentiras. Quem tem de mentir são aqueles que estão lá há muito tempo. Eu quero vencer a eleição com a verdade. E a verdade nos levará ao caminho de Deus."
UNIVERSIDADES
Marinho foi questionado se pretende manter o sistema de controle orçamentário criticado pelas universidades, que entendem que o instrumento fere a autonomia universitária. "Foi motivo de muita discussão essa tal autonomia. Eu acredito que, se não houver aí uma forma de diálogo em que possamos dar transparência, a legalidade, nós tenhamos que de repente até reduzir um pouco esses repasses para as nossas universidades, porque se gasta muito com a administração e pouco com o conteúdo. É um barril de pólvora. Espero que os reitores que estiverem no ano que vem juntos possam ter a sensibilidade de entender que o interesse coletivo está acima de qualquer interesse pessoal. Queremos fazer a mudança e essa mudança passa por um conjunto; pessoas de mãos dadas em prol do Paraná, e não olhando apenas para o seu próprio umbigo."
DEFICIT DE DOCENTES
Sobre a proposta de diminuir o repasse às universidades estaduais, Marinho foi questionado se não avalia que o deficit de docentes tende a piorar. "A máquina de fazer dinheiro não existe e o que se tem é uma apropriação do dinheiro que sai dos impostos. Teremos de fazer com que esse dinheiro seja maximizado, utilizado de forma mais transparente. Não vejo por que esconder. O que tem por trás disso? Que autonomia é essa? Altos salários? Acredito que alguns grupos não queiram mostrar o quanto ganham. Se for necessário fazer uma redução, será feita, em concordância com todos os segmentos envolvidos."
CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA
"Quero ser o governador que vai cortar despesa, e não aumentar a receita. Para isso preciso vencer a eleição e ter maioria na Assembleia. Não há mais espaço para aumento da carga tributária. A causa de tudo está na educação de base. Temos de trazer o pai e a mãe por meio de campanhas. Os filhos estão chegando às escolas deseducados. O professor é só cultura. O professor não educa. Por conta disso, estamos mantendo as gerações de hoje totalmente sem norte, sem uma referência, televisão com conteúdos que não agregam nada. Do outro lado vamos estar tapando o sol com a peneira. Mais penitenciárias? Isso não dá voto. Acredito que qualquer outro candidato queira construir estradas e outras coisas, e não delegacias. Mas infelizmente a lei é igual para todos e então temos de estar construindo. Quero dizer que qualquer obra que for iniciada no governo que está se findando eu estarei terminando."
Ainda sobre a crise na segurança públçica, Geonísio Marinho foi questionado a respeito de como combateria a presença e influência do comando de facções criminosas nas penitenciárias do Estado. "Sou o candidato que já em 2014 sonhava com a privatização dos presídios e reitero a minha posição. Temos de fazer uma licitação e passar para a iniciativa privada."
CONCESSÃO DE RODOVIAS
"Em 2014 não me fiz ser ouvido. Eu já falava em nova licitação. Proporei que tenhamos uma licitação com a previsibilidade de contratação de empresas de fora do País e mão de obra de dentro do Estado. Temos de ter tecnologia e eficiência. É só dessa forma que conseguiremos reduzir o preço do pedágio."
A FOLHA questionou Marinho se ele entende que a duplicação em rodovias estaduais deve ser compensada com praças de pedágio. "Sim. Com muita coragem. O orçamento está todo comprometido. Imagine se não tivéssemos os pedágios. Eu não sei como estaria o atual estado de conservação de nossas estradas. O que se está discutindo aqui é o preço. E o preço só vai baixar quando tivermos uma concorrência forte, com empresas que venham e que não estejam bancando candidatos que estão saindo à reeleição. Sabe-se que tem interesses por trás disso tudo. Eu não quero receber nada de ninguém. Eu quero vencer a eleição, porque aí terei como mudar."

