Após passar quase oito anos como secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, a Professora Maria Tereza (PP), foi escolhida pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) para concorrer à Prefeitura de Londrina. É a terceira eleição da candidata, que concorreu a vereadora, em 2012, e a vice-prefeita, em 2016, na cidade de Ourinhos (SP), onde também comandou a pasta da Educação entre 2013 e 2016.

Ela é a quinta entrevistada da sabatina do Grupo Folha de Londrina com os prefeituráveis. As publicações seguem até a próxima quinta-feira (12) e estão disponíveis na íntegra no canal da Folha de Londrina no YouTube.

A candidata, que representa a coligação "Pra Londrina seguir crescendo" (PP/Podemos), afirma que Belinati é uma inspiração e, se eleita, terá o prefeito como conselheiro na gestão municipal. Entre suas propostas, fala em buscar alternativas para terminar o Teatro Municipal e revitalizar espaços culturais da cidade. Na área da saúde, defende a criação de um centro especializado para crianças com deficiências e um novo PAI (Pronto Atendimento Infantil).

No atendimento à população em situação de rua, Maria Tereza propõe um tratamento integrado entre assistência social, saúde e segurança pública, e aposta nos parques industriais para diversificar a economia e melhorar a arrecadação do município.

Confira parte da entrevista:

Por que a senhora quer ser prefeita de Londrina?

Eu sou gestora pública e acredito que se consegue transformar a vida das pessoas com boas políticas públicas, baseadas em evidências, com resultados concretos. E tudo isso com muita transparência. Eu tenho um propósito de trabalhar pelas pessoas, faço isso desde que me entendo por gente. Com 13 anos eu comecei a interpretar para surdos. Eu falo que a minha primeira política pública foi acessibilidade. E, desde então, [fui] profundamente envolvida com a educação, professora de sala de aula durante muito tempo, depois [fui] para gestão pública também, advoguei por cinco anos. Sempre trabalhando pelas pessoas. E eu acredito que a melhor forma de fazer isso é pegar todo o conhecimento [que adquiri] e aliar à política partidária, no caso, filiando-me ao Progressistas e colocando o meu nome à disposição nesta eleição.

Candidata, a senhora acumula pouco mais de sete anos de experiência na Secretaria de Educação de Londrina. Antes, foi secretária em Ourinhos. Essa experiência é suficiente para administrar uma cidade como Londrina?

Sim. A gestão pública tem alguns princípios que regem todo o trabalho de um gestor público: impessoalidade, legalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Quando você estuda gestão pública, estuda todas as políticas públicas. Como eu venho da área da educação, porque eu sou professora há 25 anos, a minha vida toda passa pela política pública de educação. Eu fiz Direito, fui advogar, participar de conselhos de educação, participar mais ativamente da gestão, mas ainda com o chapéu de usuária do serviço. Eu recebi o convite e estou há mais de 13 anos na gestão de secretarias de Educação. E essa experiência, a gestão pública, o recurso público, tem o mesmo planejamento para poder ser investido. Então, eu tenho muita experiência na área da educação, mas conheço o manejo de todas as políticas públicas. Como tem que ser feito? É planejamento dentro da legalidade, cumprindo todas as regras. E todas as políticas públicas, especialmente em Londrina, são muito estruturadas, têm indicadores muito robustos. Então, a gestão pública está desenhada, independente da política. É claro que, agora, eu estou me aprofundando em outros assuntos. O menino que vai ao posto de saúde é aluno da rede e, muitas vezes, usa o serviço de convivência e Assistência [Social], mas ele é uma criança só. Então, temos que trabalhar cada vez mais integrados nessas políticas para que possamos atender todas as necessidades desse cidadão.

Qual será o papel do prefeito Marcelo Belinati em uma eventual administração sua?

O prefeito Marcelo Belinati é uma inspiração, um grande líder. Com certeza, vai ser o meu conselheiro de sempre. O Marcelo é uma pessoa que me ensinou muito e vai continuar me ensinando, com certeza. Ele é servidor público federal. Eu fico muito feliz em tê-lo ao meu lado e tê-lo como um conselheiro. O Marcelo vai ser sempre essa pessoa que vai estar comigo e com quem vou dialogar todas as vezes que eu precisar.

A obra do Teatro Municipal já está parada há mais de dez anos. O Zaqueu de Melo está desativado, assim como o Museu de Arte. O que a senhora propõe para resolver esses problemas na área da cultura?

Esses equipamentos de cultura são primordiais. O Museu de Arte está com uma parceria com a Sanepar e vai começar uma reforma para que tenha o funcionamento retomado. O Teatro [Municipal] é uma situação que precisamos resolver muito urgentemente. Tinha uma questão de arquitetura, de projeto arquitetônico. Tem que mudar algumas coisas no projeto e isso já foi feito. A Prefeitura já conseguiu autorização do autor do projeto para que se fizesse essas mudanças. E agora começa uma fase de terminar essas mudanças e esses projetos, para partir para o próximo passo, porque eu acredito que a gente tem vários caminhos, seja uma parceria público-privada, seja investimento do governo federal, do governo estadual, da própria Prefeitura, para poder terminar o teatro e restaurar os outros. Precisamos oferecer às pessoas possibilidades de cultura e lazer. Os passos foram dados e a gente precisa buscar recursos, buscar soluções nesse sentido de como nós vamos colocar para funcionar. Também não adianta você ter um prédio público que não tem manutenção.

Qual a sua proposta para aumentar o aporte de recursos para o Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura)?

Olha, o Promic é tão bom que nós copiamos na [Secretaria de] Educação. Nós fizemos um Promic e um Feipe [Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos] para a educação. Como assim? O Promic, por exemplo, faz o chamamento para desenvolver atividades culturais na cidade. A gente foi e fez um chamamento para desenvolver atividades culturais nas escolas. Quando assumimos em 2017, a gente tinha uma modalidade só de cultura que era canto e coral. Atendia 800 alunos, investimento de R$ 120 mil. Hoje, nós estamos em 19 modalidades, R$ 4,5 milhões investidos, tanto de esporte quanto de cultura. Então, quando você olha para o Promic, em um investimento de R$ 5 milhões e o Feipe, com pouco mais de R$ 7 milhões, precisamos de mais. Então, na população precisamos, sim, fomentar, estruturar, ver o que pode ser feito. Hoje, eu tenho ginástica rítmica, que voltou para as escolas. Nós temos aula de violino para as crianças, musicalização para a educação infantil, balé, todas as lutas sendo desenvolvidas nas escolas. A gente tem um programa que se chama Programa Vencer, que foi inspirado em Promic e Feipe, para trazer essas atividades para dentro da escola. Nós temos os agentes culturais trabalhando nas nossas escolas com um público específico. A gente precisa fazer os ajustes que são necessários, entender qual é a demanda dos agentes, tanto culturais quanto de esportes, e ampliar com certeza isso.

O seu plano de governo fala em construir novas unidades de saúde, reduzir filas de cirurgias eletivas e de atendimento especializado. Como, efetivamente, colocar essas propostas em prática?

Temos três UPAs sendo construídas nas zonas Leste, Sul e Norte. Londrina tem duas UPAs, vamos para cinco, então, isso melhora muito o atendimento de urgência e emergência das pessoas. Botar isso para funcionar em 2025, as obras devem estar concluídas até lá, vai ser uma grande ação, muito importante para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Precisamos de um novo PAI, quando o PAI foi construído, Londrina passava de 400 mil habitantes, agora a gente chega a quase 600 mil, então, precisamos descentralizar o atendimento e fazer um novo posto de atendimento infantil. E uma outra demanda são os atendimentos das crianças com alguma deficiência ou das crianças com alguma necessidade. Temos 47 mil alunos e quando assumimos a Secretaria de Educação, tínhamos 120 alunos com um professor de apoio, ou com um diagnóstico de algum transtorno, algum déficit. Hoje, nós temos 1,2 mil professores que trabalham única e exclusivamente com uma criança. Ou seja, aumentamos em dez vezes o número de professores especializados. Nós conseguimos ampliar o diagnóstico. Precisamos de um centro especializado para atendimento de crianças com deficiência. Não adianta a criança ir estudando e lá na frente vem o diagnóstico que poderia ter mudado a vida dela lá atrás. Tem que ser concomitante. Se a criança não fala, ela não vai aprender a ler. Se ela não aprender a ler agora, ela vai comprometer a aprendizagem dela para o resto da vida. Quando falamos de criar novas unidades, isso é prioridade. E prioridade tem como organizar o orçamento para que isso aconteça. Então, como que você vai fazer? Priorizando esses atendimentos. Urgência e emergência e dar o atendimento da criança em idade escolar. Esses são os compromissos. Eu sei a prioridade e a dor de uma criança que não aprende a ler e a escrever na idade certa. Então, isso é prioridade. Gestão pública, orçamento, é questão de prioridade.

A população em situação de rua vem crescendo nos últimos anos. Como a candidata pretende lidar com essa questão?

A gente viu um aumento muito grande dessas pessoas pós-pandemia [da Covid-19]. Isso é um problema mundial. Como você trata isso? Tem vários estudos e muita gente olhando para isso, muitas universidades, muitas pesquisas sobre esse assunto. Não existe uma bala de prata, uma ação que resolva. Como é que você trata isso? De forma sistêmica. Eu parto do ponto, como gestora pública, que ninguém quer viver na rua. Certo? Ninguém quer viver lá, então, vamos ajudar essa pessoa a sair da rua. [Atuar com] assistência social, dando um rumo para essa pessoa. A [Secretaria de] Assistência Social tem um trabalho de Trilha da Cidadania que é exatamente isso. Você pega essa pessoa e fala: ‘Nós vamos dar um rumo pra você, vai tomar um banho todos os dias para procurar um emprego nesses lugares que a gente já tem mapeado, que podem te dar um emprego’. Ah, mas é um problema de dependência química, a gente sabe que as pessoas estão lá têm algum nível de dependência ou tem alguma situação que precisa ser tratada com remédio, que precisa ser tratada com terapia e a gente tem esses serviços organizados. É tratar essa pessoa sob a ótica da assistência, da saúde e da segurança pública.

O Residencial Flores do Campo vai completar oito anos de ocupação. Caso eleita, o que vai ser feito para avançar na regularização do local?

Nós vamos resolver o Flores do Campo. Eu conheço profundamente o Flores do Campo porque, quando a gente assumiu, os alunos de lá não eram transportados. Nós colocamos ônibus para atender às crianças. A Prefeitura acabou de comprar o [terreno da ocupação] Aparecidinha por R$ 5,6 milhões e vai investir em infraestrutura, perto de R$ 25 milhões. No Flores do Campo estamos falando de um universo de mais de 400 famílias. Nós vamos resolver o Flores do Campo, [junto com] o governo federal, do Estado, empresa privada que ganhou aquela licitação, precisamos reorganizar e resolver.

A próxima gestão vai precisar lidar com a questão da arrecadação do município, que hoje ainda é muito dependente do IPTU. Quais estratégias a senhora tem para alavancar a arrecadação do município?

Londrina, historicamente, isso lá no final da década de 1980, decidiu que ia ser uma cidade prestadora de serviços, então, não se investiu forte em industrialização ou criação de parques industriais. Estamos há mais de 20 anos sem construir cidades industriais e parques. Isso impactou o nosso PIB [Produto Interno Bruto], a nossa [renda] per capita é menor que a de municípios que investiram nisso. O que Londrina fez nos últimos anos? Muito em razão da participação e dos indicadores que o Fórum Desenvolve Londrina criou, a gestão Marcelo Belinati olhou para tudo isso e falou: ‘Precisamos mudar esse rumo, vamos ajustar as velas, economicamente falando, vamos criar a Cidade Industrial’. Cidade Industrial criada, deve, nos próximos dias, abrir a licitação para vendas dos terrenos. São 88 lotes, mais ou menos, vamos arrecadar R$ 40 milhões, comprar outro imóvel e fazer uma nova cidade industrial. Qual é a estratégia? É investir nisso, na criação desses espaços e a Cidade Industrial é um negócio maravilhoso. Você tem uma Cidade Industrial que vai alavancar a criação de outras cidades industriais. Com isso, aumenta a arrecadação automaticamente, tem mais valor agregado com tudo que é feito na cidade, o salário da indústria é melhor do que o salário, por exemplo, da prestação de serviço. Se há 20 anos não se construiu, está se construindo agora e já tem previsto o outro [parque industrial]. Estamos falando do período de governo de 2025 a 2028, mas temos que olhar para Londrina 2040. Isso está desenhado, a gente tem um MasterPlan, [em que está] escrito o que Londrina precisa fazer e como ela quer ser vista para ser uma cidade justa, acolhedora, desenvolvida e sustentável.

***

Os próximos entrevistados da sabatina do Grupo Folha de Londrina são Tercilio Turini (MDB), nesta quarta-feira (11), e Tiago Amaral (PSD), na quinta (12).

Assista à entrevista completa: