Márcia Lopes ressalta 'reconstrução' de políticas para mulheres
Ministra das Mulheres esteve em Londrina nesta segunda-feira (23) para a Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Ministra das Mulheres esteve em Londrina nesta segunda-feira (23) para a Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres
Douglas Kuspiosz

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes (PT), esteve em Londrina nesta segunda-feira (23) para participar da 11ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres, organizada pelo CMDM (Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres) e realizada na sede da Prefeitura. Ela conversou com lideranças e ministrou a palestra magna do evento, que abordou o papel das conferências nas três esferas de poder, o compromisso de Estado à frente da pasta e outros temas relacionados às políticas públicas para mulheres.
Em entrevista à FOLHA, a ministra destacou que Londrina foi pioneira na criação de uma secretaria exclusiva para as mulheres, ainda em 1993 — à época chamada Coordenadoria da Mulher, durante a gestão de Luiz Eduardo Cheida —, e implementou políticas importantes, como a Casa Abrigo e ações articuladas com a Secretaria de Saúde.
“A conferência é para ouvir as mulheres, trocar experiências. É para olhar o futuro e entender a realidade de Londrina em relação às mulheres”, afirmou Lopes. Durante o encontro foram escolhidas as delegadas que participarão da conferência estadual.
O cenário atual de formulação de políticas leva em conta a realidade das brasileiras. O Censo 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indica que 34,1% das mulheres são responsáveis por suas residências, enquanto 25% aparecem como cônjuges ou companheiras do responsável. O levantamento ainda aponta que quase metade dos lares brasileiros tem uma mulher como chefe. Para a ministra, a capacidade de organização e a participação das mulheres são ampliadas pelo acesso a serviços públicos.
“Nós sabemos que temos muitas mães solo. No Bolsa Família, 85% dos chefes de família são mulheres. Elas já são maioria, estão acumulando muitas jornadas de trabalho e atividades e responsabilidades que pesam muito. Elas acabam não tendo nenhum tempo livre, então a política de cuidado também é fundamental”, reforçou Lopes, que cita a articulação de um Plano Nacional de Política de Cuidados. “É isso que vai fazer com que as mulheres se sintam mais seguras e protegidas.”
POPULARIDADE
Questionada sobre os desafios de popularidade do governo Lula (PT) — que alcançou apenas 28% de avaliações ótimas ou boas e 40% negativas na última pesquisa Datafolha —, a ministra afirmou que o Brasil passou por um “processo absoluto de destruição de políticas públicas” e que “Brasília sozinha não vai dar conta”. O levantamento também aponta que 37% das mulheres avaliam a gestão como ruim ou péssima.
“É preciso que governadores e prefeitos estejam nesse projeto de atender às mulheres, atender à nossa população. E as mulheres sentem na pele, seja quando elas vão ao supermercado, quando vão marcar uma consulta, quando não têm acesso à educação ou quando as filas nos Cras e Creas são absurdas por falta de estruturar serviços para o conjunto da população”, argumentou a ministra, que entende que “falta muita informação e tem muita contrainformação”. “Precisamos saber conversar e chegar às comunidades, às populações.”
Lopes ainda ressaltou que a orientação do presidente Lula é que os ministros e ministras conheçam o Brasil e levem “para a ponta” as ações do governo federal.
“É um processo político, temos que trabalhar para que as pessoas reconheçam e façam a diferenciação entre um governo que destrói, que desmonta, que extingue ministérios, e um governo que recriou os ministérios para os povos indígenas, mulheres, igualdade racial, previdência, trabalho e cultura”, pontuou. “Eu sou otimista, é um trabalho grande que temos que fazer, mas temos que ter competência para isso.”
CONFERÊNCIA
A presidente do CMDM, Sueli Galhardi, destacou que a conferência é fundamental para discutir as especificidades das políticas públicas em Londrina. Durante o evento, foram selecionadas propostas que serão debatidas nas etapas estadual e nacional. “No sentido de fazer valer nossas vozes na cidade”, resumiu.
A secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Marisol Chiesa, ressaltou a importância do encontro entre lideranças e entidades para debater ações voltadas ao público feminino. “É dar a oportunidade de olhar a mulher por todos os seus aspectos e tudo que ela precisa nessa rede de apoio, para realmente ser protagonista da sua vida, da sua história.”
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Lideranças voltam a rejeitar unificação de secretarias
Durante a conferência, um dos temas discutidos foi a possível unificação das secretarias da Mulher, do Idoso e da Assistência Social em uma nova pasta: a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, proposta anunciada pelo prefeito Tiago Amaral (PSD) no início de sua gestão. Após forte rejeição, a ideia esfriou e pode não sair do papel.
Para a presidente do CMDM (Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres), Sueli Galhardi, a unificação está em “stand-by”, sem avanços nos últimos meses. “Temos que pensar políticas, estratégias que façam prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres. E é mais do que isso, queremos levantar e dar visibilidade para o protagonismo das mulheres”, disse Galhardi.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes (PT), afirmou que ainda não ouviu o prefeito sobre o assunto. “Quero encontrá-lo porque isso não tem sentido. Londrina tem secretarias consolidadas”, frisou. “Cada política tem sua rede, cada política precisa de muita dedicação e competência técnica e política.”
Questionada sobre a fusão, a secretária Marisol Chiesa, que vem acumulando as pastas da Mulher, do Idoso e da Assistência Social, disse apenas que as secretarias seguem separadas. “Todos os serviços estão sendo feitos com muito carinho e cuidado.”
O prefeito Tiago Amaral já sinalizou que deve deixar a discussão sobre a unificação para 2026. Até o momento, não há nenhuma definição concreta sobre a fusão das secretarias. (D.K.)

