Onze dos 19 vereadores votaram a favor da abertura da CP (Comissão Processante) contra a vereadora Mara Boca Aberta (sem partido), na sessão desta quinta-feira (29) na Câmara Municipal de Londrina. A parlamentar será investigada por quebra de decoro parlamentar por suposto abuso de poder econômico durante o período eleitoral.

Mulher do ex-deputado e ex-vereador Boca Aberta, Marly de Fátima Ribeiro, conhecida como Mara, foi a vereadora mais votada de Londrina nas eleições de 2020 com 6.192 votos. Em sua defesa em plenário após a leitura da três acusações da denúncia, a vereadora disse que as acusações eram infundas e usou parte do seu tempo para desqualificar os denunciantes. "Estão querendo fazer a mesma injustiça que fizeram com o Boca. Não me julguem pelo Boca Aberta, ele já foi julgado por essa Casa", lembrou sobre a CP que culminou na cassação do mandato do marido em 2018.

Apenas uma das três representações que pesavam contra a parlamentar foi acatada. Conforme de denúncia protocolada em 2023 pelo advogado João Miguel Fernandes Filho, a vereadora teria cometido “possível ato criminoso diante da Justiça Eleitoral" por "malversação de recursos públicos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e abuso de poder em campanha eleitoral”, além de "favorecimento pessoal de terceiro nomeado como assessor parlamentar da vereadora".

Os vereadores rejeitaram as demais denúncias contra ela. A mais antiga tratava de nepotismo por, supostamente, ter contratado a nora como sua assessora de gabinete e outra que apontava que Mara teria apresentado uma emenda à Lei Cidade Limpa para tentar "apagar" uma multa aplicada pela Prefeitura contra um imóvel utilizado como seu gabinete.

O plenário da Câmara Municipal de Londrina (CML) aprovou, na sessão desta quinta (29), admissibilidade de denúncia contra a vereadora Mara Boca Aberta, com  a abertura de uma Comissão Processante (CP).
O plenário da Câmara Municipal de Londrina (CML) aprovou, na sessão desta quinta (29), admissibilidade de denúncia contra a vereadora Mara Boca Aberta, com a abertura de uma Comissão Processante (CP). | Foto: Fernando Cremonez/ Ascom/ CML

DEFESA

Em ano eleitoral, Mara acusou de perseguição política os vereadores que aceitaram a denúncia contra ela. Após o resultado, o tom da coletiva foi um pouco mais elevado do que o adotado nos 15 minutos que a vereadora utilizou em sua defesa em plenário, antes da votação. "As denúncias que eram diretamente a mim, foram arquivadas. A que tinha o nome do Boca Aberta [ex-deputado Emerson Petriv] foi aceita. Fica caracterizado, mais uma vez, que não estou sendo julgada pelo meu trabalho, mas pelo sobrenome que carrego. Estou bem tranquila. Acredito que a CP foi aberta somente para desgastar a minha imagem e sairei mais forte do que entrei."

O advogado Rafael Flávio de Moraes disse que a defesa irá provar que não houve irregularidade nas eleições. "Temos documentação extensa sobre isso e vamos utilizar o prazo de 90 dias para demonstrar que não há irregularidade. A utilização desse fundo foi devidamente prestada e o Tribunal [Regional Eleitoral] reconheceu a regularidade."

Os trabalhos da CP devem começar em 5 dias úteis como início agendado para segunda-feira (10). Os membros, escolhidos por sorteio, terão 90 dias para concluir o relatório. Participam da CP os vereadores Santão (Podemos), como presidente; Fernando Madureira (PP), como relator; e Lu Oliveira (PL), membro.

Votaram a favor da CP: Daniele Ziober, Deivid Wisley, Eduardo Tominaga, Emanoel Gomes, Giovani Mattos, Lenir de Assis, Mestre Madureira, Nantes, Profª Flávia Cabra, Profª Sonia Gimenez e Santão. Os votos contrários foram de Beto Cambará, Chavão, Jairo Tamura, Jessicão, Lu Oliveira, Matheus Thum e Roberto Fú.