A Mesa Executiva da CML (Câmara Municipal de Londrina) comunicou o plenário da formalização de uma denúncia contra a vereadora Marly de Fátima Ribeiro, a Mara Boca Aberta (sem partido), com base em três representações que já vinham tramitando na Casa. A medida foi lida na terça-feira (5) pelo presidente do Legislativo, Emanoel Gomes (Republicanos).

A representação mais antiga é a de n° 6/2021, assinada pela enfermeira Regina Maria Amâncio. Ela acusa a vereadora de nepotismo por, supostamente, ter contratado como assessora de gabinete a sua nora. Essa denúncia foi arquivada ainda em 2021, mas foi reaberta e acatada pela CML.

Já as outras duas representações são deste ano. O jornalista José Antônio Pedrialli assina a denúncia de n° 1/2023, que acusa a vereadora de quebra de decoro parlamentar ao apresentar emenda ao PL (Projeto de Lei) n° 224/2021 - alterador da Lei da Cidade Limpa - “para benefício próprio”; a última é a representação de n° 2/2023, de João Miguel Fernandes Filho, por “possível ato criminoso diante da Justiça Eleitoral”.

A CML aguarda o parecer da Procuradoria Jurídica - ainda sem previsão -, que será encaminhado para manifestação da parlamentar. Com o parecer e a defesa, o plenário vai decidir se acata ou não a denúncia e, em caso positivo, será aberta uma Comissão Processante, que pode resultar na cassação do mandato.

Na última eleição municipal, Mara Boca Aberta foi a vereadora mais votada de Londrina, com 6.292 votos (2,53%). Desde o início do seu mandato - que é o primeiro -, ela já sofreu oito representações na CML, mas apenas três seguem tramitando.

OUTRO LADO

À FOLHA, Mara Boca Aberta afirma que são “todas denúncias infundadas feitas por pessoas ligadas a políticos que têm interesse de me tirar da vida pública, são inimigos políticos do Boca [Aberta ‘pai’, ex-deputado federal] que foram transferidos a mim por ser a única a ter mandato”. E ela reforça que são “pessoas ligadas a grupos políticos da cidade com interesses políticos”.

“A família Boca Aberta incomoda porque aparece nas pesquisas para prefeito, então isso envolve vários partidos, vereadores que vão trazer para plenário interesse de partidos que têm candidatos a prefeito”, alega.

A vereadora diz que vai seguir com seu trabalho, mas afirma que vê com muita preocupação o andamento da denúncia, que classifica como “política”.

“Ano que vem tem eleição, faço uma oposição ao prefeito [Marcelo Belinati], tenho tido destaque nas minhas pautas e sou uma pedra no sapato de muitos no meio político”, diz a parlamentar. “Me preocupo pois sei que dentro da Câmara a votação é julgamento político, como foi com o Boca, que foi cassado injustamente.”

Emerson Petriv, o Boca Aberta, teve o mandato de vereador cassado por quebra de decoro parlamentar pela Câmara de Londrina em 2017. Mesmo cassado, Petriv disputou o pleito de 2018 para o cargo de deputado federal e foi eleito. Pouco mais de um ano e meio depois, ele teve o diploma cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pois estava inelegível por 8 anos. Em setembro de 2021, a Mesa Diretora da Câmara Federal formalizou a decisão do TSE.

Mara Boca ressalta também que não tem um grupo político e que “por isso incomodo tanto na maneira de atuar”. “Tenho sido uma voz da população, cobrando, mostrando e fiscalizando, e isso incomoda. E sabemos que politicamente para a maioria eu represento mais de 6 mil votos que, se cassados, ficarão soltos.”