Cerca de 60 pessoas  se reuniram em Londrina para protestar contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19
Cerca de 60 pessoas se reuniram em Londrina para protestar contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 | Foto: Guilherme Marconi - Grupo FOLHA

Reunidos na rotatória das avenidas Juscelino Kubitschek e Higienópolis, cerca de 60 pessoas protestaram na tarde deste domingo (24) contra o passaporte da vacina e contra o decreto municipal, assinado pelo prefeito de Londrina Marcelo Belinati (PP) no final de setembro, que obriga servidores municipais a estarem com a imunização completa contra a Covid-19.

Os presentes ainda defendiam a tese de que a vacinas oferecidas no Brasil não foram devidamente testadas, apesar do Ministério da Saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) atestarem que todas as vacinas são seguras e eficazes. Independente da tecnologia utilizada, esses imunizantes foram testados, tiveram sua eficácia comprovada por meio de estudos.

Após a concentração na rotatória, os manifestantes desceram em passeata até o Lago Igapó 2. Em uma das faixas, o grupo cobrava do prefeito sobre uma possível responsabilidade pelos efeitos colaterais da vacina. "Eu tomei a primeira dose e tive efeitos colaterais, sintomas que nunca tive antes, como formigamento. Fiquei mal até 35 dias depois com formigamento. Eu acho que obrigação é um controle sobre a liberdade da população", respondeu a enfermeira aposentada Maria Fagundes.

Alguns servidores públicos municipais estavam presentes, mas não quiseram gravar entrevista sob o argumento de que a imprensa distorceria o objetivo do protesto. Já outra enfermeira presente no ato e que trabalha no Hospital Universitário preferiu não se identificar, mas informou que é contra obrigatoriedade da aplicação. "Eu não tomei, sou contra obrigatoriedade de passaporte sanitário, de ser vacinada para frequentar locais. Cada pessoa tem que entender o que está sendo aplicado, tem que saber os princípios ativos. Não houve comitê de ética aprovando, se a pessoa quiser tomar tudo bem, mas é experimento."

O aposentado Pedro Paulo, que é parente de uma servidora da prefeitura, considera que as vacinas ainda não devem ser obrigatórias para quem vai trabalhar ou frequentar um evento. "Decreto não é lei, o prefeito não pode obrigar um funcionário a tomar vacina. Se for para ver a coletividade, o prefeito deveria obrigar a tomar outras vacinas como hepatite e H1N1. A pessoa tem a liberdade de escolher, sou a favor de que cada um assine um termo de compromisso se responsabilizando, caso não aceite tomar a vacina."

A Prefeitura de Londrina passou a exigir a vacinação contra a Covid-19 como item obrigatório a todos os servidores, empregados e agentes públicos que possuem vínculo funcional com o Município. A recusa em apresentar comprovações poderá inviabilizar horas-extras, aquisição de licença-prêmio, promoção funcional e outros benefícios. Já chamado passaporte da vacina ou passaporte sanitário não foi instituído em Londrina, nem no Estado.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem criticado a medida, mas por outro lado cidades como São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) já adotam a medida em eventos, com aplicativos que comprova se a pessoa já tomou a primeira dose, completou o esquema vacinal ou recebeu dose única do imunizante contra a Covid-19. Ainda sobre o passaporte no final de setembro o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, restabeleceu o decreto da prefeitura do Rio de Janeiro que exige apresentação da comprovação da vacina em locais fechados e reafirmou a posição da Suprema Corte no sentido de que governadores e prefeitos têm competência para estabelecer medidas sanitárias contra a Covid-19.

Procurado pela FOLHA, via assessoria de imprensa, o prefeito Marcelo Belinati informou que não irá se pronunciar sobre a manifestação deste domingo.